“O Estado brasileiro historicamente incentivou o preconceito em relação ao modo de viver dos povos originários. O que parecia ser um contato amigável no início, virou um verdadeiro massacre. A exploração das riquezas das Américas deu a base para o ‘desenvolvimento’, do capitalismo industrial”, afirmou Gilberto Vieira dos Santos membro do Conselho Indigenista Missionário (Geógrafo e indigenista).
A fala de Gilberto aconteceu na terça-feira, 10 de janeiro, o quinto dia do 30º Curso de Verão, cujo tema é “Educar para paz em tempos de injustiças e violência”. Sua intervenção no Curso destacava a violência contra os povos indígenas do Brasil.
Gilberto destacou que por mais que a Constituição de 1988 tenha trazido garantias e direitos aos povos indígenas e aos seus territórios, acontece no Brasil hoje um verdadeiro ataque e retrocesso em relação a esses direitos que estão descritos na Carta Magna, mas que infelizmente nunca foram implementados.
No legislativo brasileiro, por exemplo, há diversas iniciativas para retroceder e diminuir direitos dos povos indígenas, visando sempre as grandes corporações e o agronegócio. O judiciário e o executivo não ficam atrás e, muitas vezes, caminham de mãos dadas com o legislativo na retirada de direitos dos povos indígenas.
Mas há sinais de esperança, dos quais é preciso de orgulhar e enaltecer. Entre eles: organizações locais, regionais e nacional; articulação continental dos Guarani, envolvendo Argentina, Paraguai e Brasil; mobilizações locais; fortalecimento e recuperação das línguas maternas – muitos povos estão recuperando suas línguas; autodeterminação dos povos (culturas, educação, política, saúde).
“A causa indígena é de todos nós”, afirmou Gilberto. Nesse sentido ele destacou a importância de haver solidariedade aos povos indígenas, a partir dos espaços em que cada pessoa atua, fortalecendo a luta dos povos indígenas no Brasil.