Ao longo de duas semanas intensas de partilha, escuta sensível, místicas vivas e encontros transformadores, os/as cursistas do Curso Latino-Americano de Ecumenismo e Diálogo Inter-Religioso de 2025 cultivaram sementes de ecojustiça, solidariedade e diálogo entre diferentes tradições de fé e espiritualidade. Entre afetos tecidos e saberes entrelaçados, compreenderam que o compromisso não é apenas uma ideia abstrata, mas uma prática viva que pulsa nos territórios, nas comunidades e nos corpos que resistem e sonham com um Bem Viver coletivo. Como gesto final desse processo formativo e afetivo, elaboraram esta carta, que segue em português e espanhol, como expressão pública dos compromissos assumidos diante dos desafios do tempo presente e das esperanças que brotam do encontro.
[português]
As mulheres e os homens que, reunidos no espírito do diálogo interfé, integram um grupo diverso do Brasil, Cuba, Peru e Venezuela; participantes do Curso Latino-americano de Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso “Ecojustiça e Diálogo Interfé: Caminhos de Espiritualidade e Lutas pelo Bem Viver”, realizado na cidade de São Paulo, Brasil, pelo Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular (CESEEP), em colaboração com o Centro Martin Luther King e o Programa de Gênero e Religião das Faculdades da EST, de 1 a 15 de julho de 2025.
Reconhecemos que a Fonte da Vida que nos habita está em tudo, se manifesta de diversas formas e se interpreta a partir dos corpos-territórios com liberdade, interconexão e interdependência.
Valorizamos o respeito a todas as espiritualidades e formas de expressões religiosas, bem como o direito à vida plena e à paz, com o firme propósito de proclamar e protegê-la com responsabilidade.
Após vivenciar experiências imersivas e transformadoras no Chá do Padre e Recifran, nos templos Odsal Ling, Zu Lai e Nova Gokula, na Vigília Inter-Religiosa realizada no Centro Magis, e mobilizados pelas assessorias de Angélica Tostes, Loyet García, Suzana Moreira, Monja Waho Degenszajn, Mestre Wagner Canalonga, Ivone Gebara, e Sri Krishna Murti Das, renovamos os compromissos assumidos no ano passado e nos comprometemos ainda a:
- Respeitar a sabedoria dos povos e religiões ancestrais que nos legaram espiritualidades de respeito à vida, à paz e ao amor à natureza, como horizonte ético, aprofundando o diálogo interfé, lembrando que o diálogo é propositivo, uma disposição à abertura, ao risco de transformação, à dimensão da correspondência, e que nos leva à ação.
- Conectar a dimensão sagrada da vida com lutas concretas pela defesa dos territórios, dos direitos humanos e do bem comum, cultivando o bem viver por meio de uma práxis concreta, pautada na reciprocidade, na solidariedade e no respeito aos ciclos da natureza.
- Articular espiritualidades, ecofeminismos e ação social como metodologia que desafia os paradigmas do desenvolvimento predatório e propõe ações alternativas que interconectam o socialmente justo, ecologicamente sustentável e o economicamente viável.
- Participar juntamente com os povos vulneráveis em suas resistências criativas, experiências de sustentabilidade e lutas sociais, fazendo o melhor possível dentro do que é possível, como sujeitos individuais e coletivos, por políticas públicas mais efetivas que dignifiquem a coexistência, pois somos todos um só corpo diverso.
- Buscar caminhos para democratizar o conhecimento sobre experiências e boas práticas que dignifiquem a vida, como o descarte adequado de resíduos para além das noções básicas de reciclagem e seu impacto, os direitos socioambientais, e a noção de que nenhum lixo é jogado fora porque não existe “fora” — tudo o que consumimos e descartamos vai para outro lugar em nossa casa comum. Como parte desse compromisso, reconhecemos os agentes de saúde ecológica urbana, que são as pessoas que atuam nesses espaços de trabalho socioambientais.
- Defender a vida em todas as suas formas, denunciando estruturas de morte como o patriarcado e o capitalismo extrativista, e também denunciando os crimes, genocídios, guerras e bloqueios causados pelo imperialismo e o neocolonialismo, como acontece atualmente na Palestina, Irã, Iêmen, Sudão, Congo, Cuba, México, Nicarágua, El Salvador, Venezuela, Colômbia, Equador, Peru, Brasil, Argentina e outros países invisibilizados pela conivência da mídia.
Assinamos esta carta como um pacto ético-político-espiritual, conscientes de que este mundo pode ser melhor se caminharmos juntos no diálogo e na rebeldia, conscientes de que a ação e a luta para manter a vida viva são a fé.
[español]
Carta Compromiso del Curso LatinoAmericano de Ecumenismo y Diálogo Interreligioso 2025
Las mujeres y los hombres que, reunidos en el espíritu del diálogo Interfe, integramos un grupo diverso de Brasil, Cuba, Perú y Venezuela; participantes en el Curso Latinoamericano de Ecumenismo y Diálogo interreligioso “Ecojusticia y Diálogo Interfé: Caminos de Espiritualidad y luchas por el Buen vivir” realizado en la ciudad de São Paulo – Brasil, convocado por el Centro Ecuménico de Servicios de Evangelización y Educación Popular (CESEEP) en colaboración con el Centro Martin Luther King y el Programa de Género y Religión de las Facultades EST del 1 al 15 de julio de 2025.
Reconocemos que la Fuente de Vida que nos habita está en todo, se manifiesta en diversas maneras y es interpretada desde los cuerpos-territorios con libertad, interconexión e interdependencia.
Validamos el respeto a todas las espiritualidades y formas de expresión religiosas, así como el derecho a la vida plena y a la paz, con la firme voluntad de anunciar y protegerla responsablemente.
Después de vivir las experiencias inmersivas y transformadoras en Chá do Padre y Recifran, los templos Odsal Ling, Zu Lai, Nova Gokula, en la Vigilia Interreligiosa realizada en el Centro Magis, y movilizados por las asesorías de Angélica Tostes, Loyet García, Suzana Moreira, Monja Waho Degenszajn, Mestre Wagner Canalonga, Ivone Gebara, y Sri Krishna Murti Das, retomamos los compromisos asumidos el año pasado y además nos comprometemos a:
- Respetar la sabiduría de los pueblos y religiones ancestrales que nos han legado espiritualidades de respeto por la vida, la paz y el amor hacia la naturaleza, como horizonte ético, profundizando en el diálogo interfe, recordando que dialogar es propositivo, es un disponerse a la apertura, al riesgo de ser transformado, a la dimensión de correspondencia, y que nos lleva a la acción.
- Vincular la dimensión sagrada de la vida con las luchas concretas por la defensa de los territorios, los derechos humanos y los bienes comunes, cultivando el buen vivir desde la praxis concreta, basadas en la reciprocidad, la solidaridad, el respeto a los ciclos de la naturaleza.
- Articular espiritualidades, ecofeminismos y acción social, como metodología cuestionadora de los paradigmas del desarrollo depredador y que propone acciones alternativas que interconectan lo socialmente justo, lo ecológicamente sostenible y lo económicamente viable.
- Participar con los pueblos vulnerabilizados en sus resistencias creativas, experiencias de sostenibilidad y luchas sociales, haciendo lo mejor posible dentro de lo posible, como sujetos individuales y colectivos, por más políticas públicas efectivas que dignifiquen la coexistencia porque todos somos un solo cuerpo diversificado.
- Buscar maneras de democratizar el conocimiento sobre las experiencias y buenas prácticas que dignifican la vida, como el descarte correcto de residuos más allá de las nociones básicas de reciclaje y su impacto, los derechos socioambientales, y la noción de que ninguna basura se tira afuera porque no hay “afuera” – todo lo que consumimos y desechamos va a otro lugar en nuestra Casa común. Como parte de este compromiso, reconocemos a los agentes de salud ecológica urbana, que son las personas que laboran en esos espacios de trabajo socioambiental.
- Defender la vida en todas sus formas denunciando las estructuras de muerte tales como el patriarcado, el capitalismo extractivista, y también denunciar los crímenes, el genocidio, las guerras y los bloqueos provocados por el imperialismo y el neocolonialismo como está sucediendo actualmente en Palestina, Irán, Yemen, Sudán, Congo, Cuba, México, Nicaragua, El Salvador, Venezuela, Colombia, Ecuador, Perú, Brasil, Argentina y otros invisibilizados por la complicidad de los medios de comunicación.
Firmamos esta carta como un pacto ético-político-espiritual, conscientes de que es posible que este mundo sea mejor; si caminamos juntos en diálogo y rebeldía, conscientes de que la acción y la lucha por mantener la vida viva es la fe.