Nesses dias, as comunidades cristãs e o mundo já estão no
clima da festa de Natal. Até a vigília da festa no dia 24, a liturgia antiga
da Igreja nos convida a pedir a vinda, não apenas do menino que, um dia,
Jesus foi, mas do Cristo atual, ressuscitado e que se manifesta vivo como
energia de renovação para o planeta Terra. Em suas cartas, o apóstolo
Paulo escreve sobre o Cristo: “Ele sujeitará a si todas as coisas. Tudo o
que existe no universo tem sua subsistência nele (no Cristo). Ele
recapitula tudo o que existe (Col 1, 15 – 22). Sua ressurreição inaugurou
uma “criação nova” como parto de um universo reconciliado (Gl 6, 2 e 2
Cor 5, 14 ss).
recordação nostálgica, como se se tratasse de um simples aniversário do
nascimento de Jesus. Essa festa do 25 de dezembro foi criada no século
- Quando os antigos romanos celebravam o solstício do inverno, os
cristãos quiseram lembrar que o Cristo é o sol da justiça que vem do alto
para renovar nossas vidas. Nos primeiros tempos, o nome da festa do
Natal era “A Páscoa do novo Nascimento”. Assim, os antigos cristãos
afirmavam que o Natal celebra uma manifestação do Cristo Ressuscitado.
Até hoje, em algumas Igrejas Orientais, se chama a festa de “Teofania”,
manifestação divina. E, tanto no Oriente, como no Ocidente, no dia 06 de
janeiro se celebra a Epifania, a manifestação do Cristo em nossa carne.
sua ressurreição em todo o universo ainda não são visíveis. Sua
manifestação é um processo no qual Deus quer que participemos como
testemunhas e instrumentos de sua presença amorosa no universo. Em
cada Natal, pedimos que essa realidade nova do universo cristificado, (ou
seja, totalmente assumido pela presença do Cristo ressuscitado) se
manifeste logo e de forma total. Apesar de que o nosso mundo parece
cada vez mais doente e dividido, celebramos a confiança de que a
manifestação do Cristo Cósmico venha salvar a nós e ao universo.
sobre mudanças climáticas, todas as grandes religiões do mundo se
mostraram conscientes da sua responsabilidade para salvar o planeta
Terra da ambição humana que o condena à morte.
Hanuká. Antigamente, nessa festa, se acendiam as lâmpadas do templo.
Atualmente, não existe mais o templo de Jerusalém e não se podem mais
acender suas lâmpadas para trazer luz à escuridão do inverno. Agora, o
templo de Deus é o universo. Então, as luzes de Hanuká são acesas nas
A conclusão disso é que o Natal não deve ser apenas uma
A cada ano, falamos de uma nova vinda porque os efeitos de
Nesse mês de dezembro, por ocasião da Conferência da ONU
Há poucos dias, as comunidades judaicas celebraram a festa de
casas judaicas para iluminar a humanidade e libertar o mundo da
escuridão do desamor e da indiferença.
Xamãs que fazem ressuscitar os cânticos dos Xariris, espíritos da floresta
que é viva. Ela está ferida pelas queimadas provocadas pelos fazendeiros.
Ela é destruída pelas máquinas dos garimpos e das mineradoras que
provocam destruições e podem ocasionar desastres como o de Mariana.
celebração do Natal com o cuidado da terra, da água e de toda a natureza.
Hoje, o universo é o verdadeiro presépio do Cristo Cósmico. Embora de
forma ainda invisível, ele vem, hoje a esse mundo. A liturgia dos últimos
dias antes do Natal invoca Jesus como Salvador para o mundo de hoje.
Com sua profunda formação litúrgica e grande sensibilidade artística,
Reginaldo Veloso traduziu de forma adaptada as invocações das antífonas
Ó. A cada dia, uma nova invocação chama o Cristo Ressuscitado, um dia
como Libertação, no outro como Sabedoria. Um dia, o contempla como
nova Sarça Ardente, na qual Deus se revela aos Moisés de hoje.
Finalmente, ele é chamado de Emanuel, presença divina no meio de nós.
Todos os dias, a versão das comunidades conclui com um refrão que
canta: “Vem, ó filho de Maria, vem trazer-nos alegria. Quanta sede,
quanta espera, quando chega, quando chega aquele dia?”
Na Amazônia, o povo Yanomami tenta escutar de novo os
É importante que as comunidades cristãs liguem essa.
Marcelo Barros