Numa manhã fria, com um sol tímido, nos reunimos com muita expectativa para ouvir o Professor Ruy Povoas, representante das religiões de matriz africana. De uma forma leve e descontraída mergulhamos neste universo simbólico tão rico e desconhecido para a maioria de nós. Os olhares, os sorrisos, as sensações dos corpos demonstravam toda nossa expectativa em desvendar este universo. Desta forma fomos convidadas a refletir sobre a importância das mudanças que ocorrem ao longo da nossa existência e o quanto é necessário cautela e cuidado, pois toda mudança traz consigo agonias, desconfortos, medos que podem nos impedir de ver o novo que se descortina. Porém é necessário mudar para construir um mundo mais justo onde venhamos nos tornar mais humanos. Neste sentido as religiões têm um papel fundamental para nos desacelerar e nos levar para além do raciocínio lógico onde há outras verdades a serem aceitas que possibilitem a convivência humana.
São muitos os caminhos que nos levam a novas experiências e a alteridade torna-se fundamental para caminharmos juntos, pois somos seres profundamente marcados pelas diferenças que nos impedem de compreender a cultura e o universo do outro. Vivemos num contexto de preconceito e negação da religiosidade africana, pois somos frutos de um pensamento colonizador ocidental e cristão que ao longo da nossa história produziram discursos que marginalizaram e demonizaram tais religiões. A assessoria do Prof. Ruy nos ajudou a desconstruir tais discursos e aguçou nossa curiosidade para buscar conhecer um pouco mais sobre nossa cultura e ancestralidade marcada pela presença dos africanos em nossa história, reconhecendo a riqueza e importância deste povo na construção da nossa sociedade e da nossa religiosidade.
O dia terminou com um “gostinho de quero mais”, pois apenas começamos a trilhar este caminho de descobertas, e as expectativas são muitas para os próximos dias que virão, onde teremos no sábado uma mesa redonda de reflexão com a presença, ainda do Prof. Ruy Póvoas, Nochê Sandra, Ya Neide e Julio César todos representantes das religiões de matriz africana.