Muitas foram as experiências vividas no Curso de Verão 2015. Arthur Gandini, 22 anos, membro da Pastoral da Juventude da Paróquia Nossa Senhora do Carmo, em Itaquera, periferia da capital paulista, partilhou o que sentiu no Curso deste ano. Leia e mande um relato da sua experiência para nós.
O que foi para mim o 28º Curso de Verão?
Há um ano, eu precisava falar com uma amiga da Pastoral da Juventude (PJ) da qual participava na Região Episcopal Ipiranga, em São Paulo, e ela não atendida às minhas ligações. Mais tarde, ela explicava o porquê de estar ocupada: “é que eu estava no Curso de Verão”.
Minha amiga dizia que a experiência estava sendo ótima e me convidava para ir participar como visitante. Imaginava que era algum curso legal na PUC-SP, onde teria algumas oficinas com dinâmicas com o uso do violão, por exemplo.
Muitas coisas mudam em um ano. Os amigos e os colegas de vivência não são mais os mesmos em sua maioria. O coração talvez já se esquente de um modo diferente. A caminhada é maior e os pés carregam mais marcas. O espírito tem mais doze meses de renovação. E cá fui eu fazer aquele curso em janeiro do ano seguinte com amigos da PJ de Itaquera, da Diocese de São Miguel Paulista.
A temática das tendas (oficinas) divulgada antes das inscrições já mostrava muito, mas ainda era pouco do que estaria por vir. Todo o período vivido na PUC-SP por mais de 500 pessoas – entre participantes, voluntários e monitores – mostraria que isso era só o começo.
Como disse o meu colega de tenda, Igor Frota, em entrevista para o site do CESEEP: era um mundo (acrescento aqui “mágico”) que não se imaginava.
As acolhidas na porta do TUCA, o teatro da universidade, mostravam que todos que entravam lá eram iguais e que não importava se, no mundo da porta para fora, isso já não era tão fácil.
Nossa tarefa era retornar e fazer diferente.
As místicas de abertura davam o tom de união e comunhão que permearia todo o curso ecumênico. Lá, não tínhamos igreja ou qualquer outra comunidade de fé. Tínhamos apenas almas e laços. Éramos todos irmãos. Não é isso que conseguimos ao fazer o culto do amor, independente da fé que professamos? Amém! Axé! Aleluia!
As palestras nos fizeram refletir sobre um tema tão difícil para todos e, principalmente, para a juventude, em um mundo de transformações religiosas e culturais onde a identidade se constrói: a sexualidade. Lá refletimos sobre o cuidado ao próximo, a libertação das relações opressoras, a tolerância ao diferente, que aprendemos não ser diferente.
A música junto com as místicas se mostraria o ingrediente imprescindível para todas as experiências mágicas entrarem no coração de cada um. Ambas nos acompanharam para as tendas onde refletimos sobre os assuntos vistos no TUCA das mais diferentes maneiras.
Chegávamos às tendas, lanchávamos, discutíamos, compartilhávamos (pode colocar muitos abraços, “axés” e músicas entre esses itens). O conhecimento adquirido para retornarmos às nossas comunidades, com lembranças que nunca serão esquecidas e colherão novos frutos, era partilhado com as novas músicas e cantos que ficaram em nossas mentes (“Mãe terra, eu te sinto sob os meus pés”) e as que já estão bem guardadas (“Negra Mariama” e “Negro Nagô” que o digam).
Claro, por falar em música, não há como não mencionar o momento tão aguardado por todos entre os dois momentos diários do curso: o forró depois do almoço.
A dança integrava a todos. Fazia um intervalo animado entre o que já estava sendo animado. Trazia o calor das paixões, a alegria dos sorrisos e a música que não saía dos ouvidos. Aprender a dançar foi um ensinamento adicional para muitos dos 377 cursistas.
Mas afinal, o que fez o Curso de Verão ser tão especial além de tudo isso?
A resposta pode ser pessoal e se pode responder com uma palavra: esperança.
Onde mais, em um mundo com tantas opiniões hegemônicas, podemos encontrar tantas pessoas que às vezes são tão diferentes em origem religiosa e geográfica, mas que pensam que nem a gente e comungam do mesmo amor e espírito de fé? Isto nos faz pensar que somos minoria, mas não somos poucos.
Enfim, existe um ponto negativo em uma experiência boa: dói quando acaba e as lágrimas derramadas pela PUC-SP que o digam. Restam lembranças, presentes, “selfies”, contatos no “Facebook” e “WhatsApp”, visitas e encontros já sendo marcados, novas amizades e o principal: a continuidade da luta e da caminhada.
Fizemos novos amigos, conhecemos melhor outros e fizemos antigas amizades futuras virarem presente. Relações se formaram em apenas nove dias, mas também após nove dias elas mudaram.
Ano que vem tem mais…