Nesses dias, se completa um mês do encerramento da Conferência da ONU
sobre mudanças climáticas em Paris. Como sempre nesse tipo de encontros, na
conferência dos governos, o documento conclusivo se restringe a boas intenções e se
notabiliza pela timidez das propostas. Enquanto isso, no dia 12 de dezembro,
participantes das organizações e movimentos sociais do mundo inteiro, reunidos em
um encontro paralelo, assinaram um manifesto-compromisso dirigido a toda a
humanidade. O próprio título chama a atenção: “Cidadãs e cidadãos do povo da
Terra: Vamos criar nosso próprio poder”. Convoca todas as pessoas das mais
diferentes nacionalidades a se sentir como um único povo da Terra. E que essa
humanidade unificada em um só povo crie um poder próprio, com voz e vez na
sociedade internacional. O texto começa afirmando: “Nós, cidadãs e cidadãos do
Povo da Terra, de todos os países, todas as culturas e tradições do mundo inteiro,
reunidos em Paris nesse momento histórico, testemunhas da mudança climática e da
degradação dos recursos naturais, essenciais para a vida na Terra, e da crescente
desigualdade entre os seres humanos, nos comprometemos a preservar a capacidade
de viver bem das gerações presentes e futuras”.
humanidade constatam com apreensão que “o processo de negociações das Nações
Unidas é insuficiente e incapaz de evitar as consequências, cada vez mais evidentes,
destrutivas para a humanidade e para o planeta, de um desequilíbrio climático
anunciado há muito tempo pelos cientistas”. (…) Os Estados e as organizações
internacionais constituídas exclusivamente pelos Estados e por uma elite econômica
que não representa a maior parte da sociedade são incapazes de preservar e gerir os
bens comuns sem fronteiras da humanidade, como o ar, a água, o solo, as florestas,
bens dos quais depende fortemente a vida dos seres humanos e todas as outras
formas de vida”.
nova esfera de ação política que reconhece as pessoas na sua diversidade, mas
também o Povo da Terra em sua unidade. Temos uma necessidade urgente de
construir uma ação pública global a médio e longo prazo que seja capaz de levar em
conta os interesses das gerações futuras. Precisamos de ações globais urgentes, mas
que tenham um horizonte de tempo no mínimo de duas gerações, e até de sete, como
sabiamente o fazem os povos indígenas da América do Norte, nas suas decisões
importantes. É hora de dar mais um passo na capacidade de nossa família humana
para garantir o seu destino comum, iniciando por evitar ameaçar a si mesma,
destruindo a Mãe Natureza, que nutre a vida. Este passo é o de um processo
constituinte que, se apoiando na Declaração Universal dos Direitos Humanos, a
complete com o reconhecimento pleno dos direitos e responsabilidades de cada ser
humano para com os outros e com a natureza, não só como cidadãs e cidadãos de
nações e povos diferentes, mas também como cidadãs e cidadãos do Povo da Terra,
A seguir, o documento afirma que todos os participantes desse encontro da
A partir dessa constatação, o documento afirma: “Precisamos inventar uma
cujo destino está intimamente relacionado com o do nosso planeta”.
passo à frente no cuidado com a Terra e a cidadania planetária sem antes de tudo
garantir a continuidade e supremacia do mercado capitalista e do lucro da elite
mundial, para evitar maiores catástrofes sociais e ecológicas, o manifesto conclui:
forma complementar aos Estados, a responsabilidade pelo futuro da humanidade no
planeta. E estamos empenhados em construir juntos esse poder com todas aquelas e
aqueles que, livres das pressões de lobbies oligárquicos, levem em conta a urgência
da ação e da construção de sua sustentabilidade no médio e longo prazos. Nós nos
comprometemos a buscar todas as formas de organização e expressão do poder
cidadão, apoiando todas as reuniões internacionais que virão”.
Rede Diálogos em Humanidade e construir pontes para um reconhecimento oficial do
poder cidadão pelas nações, pela ONU e suas agências. E o documento se encerra
com um convite para que quem lê assine um termo de compromisso. Através dele, as
pessoas são chamadas a dedicar todas as suas capacidades e experiências para ajudar
o mundo a abandonar o uso de combustíveis fósseis e padrões de produção e
consumo que sejam destrutivos para os seres humanos e o planeta. É preciso,
urgentemente, ajudar a humanidade a passar, o mais rápido possível, para o uso de
uma energia renovável e limpa. Além disso, temos de colaborar para construir,
juntos, em todos os lugares e em todas as escalas, uma nova economia, baseada na
igualdade e na solidariedade, respeitosa da vida, da saúde, do bem-estar humano e da
biodiversidade e do equilíbrio de todos os ecossistemas.
assinatura essa resolução. Não se trata de nada jurídico, nem institucional. É sim um
caminho de aliança da humanidade, baseada em uma nova consciência coletiva e uma
ação social que, a partir das bases, se torne mundial e possa transformar realmente os
caminhos da sociedade internacional. Muitas pessoas que participam dessa rede
planetária o fazem simplesmente pela consciência de pertencer a uma única
humanidade, unida mesmo na diversidade de raças e culturas. Outras pessoas se
sentem convocadas para isso por causa da sua fé e de uma espiritualidade que
reconhece a presença e atuação do Espírito Divino nesse mutirão de amor da
humanidade por uma nova forma de convivência social e de cuidado com o planeta
Terra.
Por perceber que os governantes e organizações da ONU nunca darão um
“Propomos, então, a construção de um poder cidadão que assuma de
A proposta é unir-se nos diversos encontros do Fórum Social Mundial, da
Quem aceitar se comprometer com esse caminho, confirme com sua
assinatura essa resolução. Não se trata de nada jurídico, nem institucional. É sim um
caminho de aliança da humanidade, baseada em uma nova consciência coletiva e uma
ação social que, a partir das bases, se torne mundial e possa transformar realmente os
caminhos da sociedade internacional. Muitas pessoas que participam dessa rede
planetária o fazem simplesmente pela consciência de pertencer a uma única
humanidade, unida mesmo na diversidade de raças e culturas. Outras pessoas se
sentem convocadas para isso por causa da sua fé e de uma espiritualidade que
reconhece a presença e atuação do Espírito Divino nesse mutirão de amor da
humanidade por uma nova forma de convivência social e de cuidado com o planeta
Terra.
Marcelo Barros