É com imensa alegria que compartilhamos a primeira semana do Curso Latino-Americano de Ecumenismo e Diálogo Inter-Religioso de 2023, uma experiência única e enriquecedora que ficará para sempre em nossas memórias. O tema central do curso, “Diálogo em Tempo de Violências Políticas e Religiosas: Desafio para as Religiões na Construção da Paz”, guiou nossas reflexões e discussões ao longo desses dias de aprendizado e convivência.
Realizado na acolhedora Casa Comunitária do CESEEP, o ambiente se tornou propício para encontros significativos e partilha de conhecimento entre pessoas de diferentes origens, culturas e crenças. Desde o início, pudemos sentir a atmosfera de acolhimento e respeito que permeou todos os momentos do curso. Para saber mais sobre a abertura do encontro, confira nossa publicação aqui.
O encontro reuniu pessoas de diferentes culturas, crenças e origens, criando um espaço de diálogo aberto, inclusivo e respeitoso. Durante essas duas semanas intensas, fomos impulsionados a refletir sobre o papel das religiões na atualidade, especialmente em um contexto permeado por violências políticas e religiosas que desafiam a construção da paz.
Durante esse período de partilha e afeto, as amizades floresceram, transcendendo barreiras culturais e religiosas. Essa rica diversidade de pensamentos e visões tornou-se nossa maior força, permitindo-nos desenvolver uma compreensão mais profunda das diferentes tradições e valores.
No início do curso, tivemos o privilégio de contar com a presença encantadora de Maria de Jesus, carinhosamente conhecida como Maria Maranhão. Ela desempenhou um papel fundamental em ajudar o grupo a se integrar de forma harmoniosa e afetuosa. Com sua sabedoria e sensibilidade, Maria Maranhão utilizou cantigas de roda, arte popular, danças e contação de histórias para nos envolver em um ambiente de união e conexão. Cada gesto, cada palavra e cada melodia compartilhada por ela deixaram todos nós mais próximos do que nunca.
Durante os primeiros dias do Curso Latino Americano de Ecumenismo e Diálogo Inter-Religioso, tivemos a honra de contar com a presença de convidados especiais que enriqueceram nossa experiência de aprendizado. Um desses momentos marcantes foi a participação de Delana Corazza, coordenadora de pesquisa do Instituto Tricontinental de Pesquisa Social. Ela nos conduziu em uma reflexão profunda sobre as raízes do fundamentalismo religioso em nosso solo de Abya Yala.
Por meio de sua provocação, fomos instigados a compreender as origens e os desafios do fundamentalismo religioso em nossa região. Trabalhando em grupo, construímos coletivamente uma análise de conjuntura, aproveitando as valiosas orientações fornecidas por Lourdes Paschoalleto durante a Partilha de Práticas realizada no dia anterior.
A conexão e os debates continuaram a nos enriquecer, e no segundo momento significativo do curso, tivemos a honra de receber o Pe. José Oscar Beozzo. Com sua sensibilidade de educador e vasto conhecimento como historiador, o Pe. Beozzo abordou o tema sensível da Guerra contra os povos indígenas na América Latina e no Caribe, desde os tempos da colonização até os dias atuais.
Essa palestra nos trouxe uma perspectiva profunda sobre a história de resistência e luta dos povos indígenas em nossa região. O Pe. Beozzo compartilhou suas experiências e nos convidou a refletir sobre a importância do diálogo inter-religioso na construção de um futuro mais inclusivo e respeitoso para todas as culturas e tradições.
Após imergirmos em momentos significativos com convidados especiais, os pilares essenciais do Curso Latino-Americano de Ecumenismo e Diálogo Inter-Religioso foram reforçados pela enriquecedora contribuição da coordenadora Angelica Tostes. Com sabedoria e sensibilidade, ela nos conduziu por um tema essencial para a nossa reflexão: “Decolonizando o Ecumenismo e Diálogo Inter-Religioso”.
Nessa parte central do curso, tivemos a oportunidade de mergulhar em temáticas profundas, questionando nossas concepções do que realmente entendemos por religião. Através da análise cuidadosa, Angelica Tostes nos fez refletir sobre as influências do Ocidente no pensamento religioso latino-americano e como essas influências podem ter moldado nossa compreensão sobre as dinâmicas do cotidiano e do diálogo inter-religioso.
Obalerá, cientista social e mestrando em Filosofia, foi mais uma das brilhantes mentes que nos presenteou com sua sabedoria durante o Curso Latino-Americano de Ecumenismo e Diálogo Inter-Religioso. Sua contribuição foi marcada por uma palestra inspiradora intitulada “Tecendo a Paz: Cultura de Paz nas Tradições de Matriz Africana”.
Com entusiasmo e respeito, Obalerá nos guiou através das ricas tradições de matriz africana, compartilhando conosco os ensinamentos e valores que promovem a cultura de paz dentro dessas comunidades. Sua perspectiva como cientista social e mestrando em Filosofia trouxe uma profundidade de análise que nos permitiu apreciar a complexidade e a relevância dessas tradições em nosso contexto contemporâneo.
A presença de Daniel Souza no Curso Latino-Americano de Ecumenismo e Diálogo Inter-Religioso trouxe uma perspectiva inovadora e enriquecedora sobre a “Espiritualidade Libertadora”. Juntamente com Obalerá, ele nos presenteou com uma abordagem única ao compartilhar os ITANS das tradições africanas.. Os ITANS, histórias e narrativas sagradas das tradições africanas, nos proporcionaram uma compreensão profunda sobre a conexão entre a espiritualidade e a luta por libertação, justiça e igualdade.
Essas histórias ancestrais nos ensinaram sobre a resiliência, a coragem e a sabedoria presentes nas culturas de matriz africana. Por meio delas, pudemos vislumbrar uma espiritualidade que não se desvincula da realidade terrena, mas que se manifesta como uma força inspiradora para a transformação social e a superação de desafios.
Durante o Curso Latino-Americano de Ecumenismo e Diálogo Inter-Religioso, tivemos uma experiência transformadora na “Roda de Diálogo: Espiritualidade como resistência dos povos originários e de terreiro”. Esse encontro foi marcado por conversas profundas e reflexões sobre a espiritualidade como uma forma de resistência e fortalecimento das culturas dos povos originários e de terreiro. Você pode saber mais sobre clicando aqui.
A primeira vivência em território foi no solo sagrado da Umbanda, visitamos a casa da Comunidade Umbandista Associação Cultural e social Congo Tupinambá, em que Pai André nos recebeu de braços abertos para festejar em uma gira de Exu e Pombagira. Momentos marcantes para todxs participantes.
Tivemos a oportunidade de aprender com os companheiros e companheiras cubanxs sobre o Pluralismo Religioso em Cuba. Contamos com a presença de cursistas notáveis, como Ariel Dacal, Loyet Garcia, Luis Carlos Marrero e Claudia Morales, que nos guiaram por uma jornada de compreensão sobre a diversidade religiosa presente em seu país.
Continuando nossa jornada na primeira semana do Curso Latino-Americano de Ecumenismo e Diálogo Inter-Religioso de 2023, gostaríamos de compartilhar uma experiência marcante e enriquecedora que vivenciamos ao visitar a Comunidade indígena Guarani Itakupe. Antes da visita, trocamos saberes com Antônio Salvador sobre a cultura e espiritualidade indígena, o que nos preparou para esse encontro com a sabedoria ancestral do povo Guarani. Antônio Salvador nos guiou por uma compreensão mais profunda sobre a rica tradição e cosmovisão desse povo, ajudando-nos a enxergar a espiritualidade como uma conexão intrínseca com a terra, a natureza e os antepassados.
Ao chegarmos à Comunidade Guarani Itakupe, fomos calorosamente recebidos sob a liderança de Cristina, uma figura inspiradora que nos conduziu em uma imersão nos saberes e lutas construídos por seu povo. A convivência com a comunidade nos permitiu compreender a importância da preservação da cultura e das tradições indígenas, que são fundamentais para sua identidade e resistência frente aos desafios impostos pelo mundo contemporâneo.
Além disso, ao conhecermos suas lutas, entendemos a importância de valorizar suas reivindicações por território, direitos e reconhecimento. Essas batalhas cotidianas nos mostraram a resiliência e a determinação do povo Guarani em preservar sua cultura e tradições, bem como em defender seus direitos como povos originários.