Na Manhã de domingo, 10 de janeiro, os cursistas foram chegando aos poucos para experimentar mais um dia do Curso de Verão 2016 e trocar conhecimento com Adriana Ramos, ativista ambientalista do Instituto Socioambiental (ISA), que falou sobre o tema “Desafios ambientais contemporâneos e saneamento básico”.
Inicialmente os participantes refletiram sobre o cuidado para com o ambiente, com a mística fundada da religião dos Orixás, revendo as ações pessoais e comunitárias que violam a vida.
Em seguida, a assessora possibilitou maior compreensão sobre a questão ambiental a partir das experiências coletivas institucionais e comunitárias existentes na sociedade. Destacou o papel da recente legislação sobre saneamento básico no Brasil (Lei Federal nº 11.445/07) para a efetivação das políticas públicas nesse setor e que estabeleceu diretrizes nacionais para o saneamento básico, apontando ações na área da educação, cuidados com especificidades regionais no território brasileiro, descarte sustentável do lixo, saúde pública preventiva como proteção ao meio ambiente, conflitos em torno do uso da água, consumo de água para produção rural e industrial, concentração de lucro das empresas públicas de saneamento básico, uso de aterros sanitários, descarte de rejeitos de minérios e hospitalares, entre outros aspectos candentes em nossa sociedade do consumo.
Recentemente a ONU (Organização das Nações Unidas) reconheceu o direito ao saneamento básico como um direito humano fundamental (Resolução ONU nº A/RES/64/292) que diferencia-se do direito à água, pois envolve aspectos para além do abastecimento de água e está relacionado à qualidade de vida, com higiene e condições ambientais dignas.
Algumas informações partilhadas por Adriana Ramos surpreenderam os participantes, como por exemplo, a relação econômica entre saneamento e saúde pública preventiva – de cada R$ 1,00 gasto com saneamento básico há a economia de R$ 4,00 da medicina curativa -, apontando que “prevenir é mais barato que curar”. Também apontou que 90% do lixo produzido são passíveis de aproveitamento, sendo que 30% são embalagens recicláveis, mas a maioria dos municípios não faz a coleta adequadamente.
A realidade de violência contra o meio ambiente e ao ser humano, contudo, é possível ser mudada com a participação e engajamento de todos(as). Há experiências populares e comunitárias importantes, como o projeto de cisternas em escolas e nos locais de seca, compostagem em caixa, banheiro seco, reaproveitamento de água do banho e pia para privadas, trazendo economia de 30% da água, captação de água da chuva para vários fins, cooperativa de catadores com papel importante para o reaproveitamento de materiais recicláveis e óleo de cozinha na logística reversa, ou seja, quem fabrica ou comercializa deve garantir a devolução do material descartável ou usado para ser reutilizado na cadeia produtiva. Entretanto, “atualmente manter a sustentabilidade é caro”, afirma Adriana.
Para saber mais, consulte o livro do Curso de Verão 2016 e baixe a apresentação da assessora, clicando aqui.
André Alcântara