Dom Paulo, Mestre e Amigo do CESEEP

**Dom Paulo com os participantes do Curso Latino-americano de Formação Pastoral, em setembro de 2004.**

É com pesar e ao mesmo tempo com profunda gratidão a Deus pela vida e testemunho do Cardeal Arcebispo de São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns, que o CESEEP recebeu na manhã de hoje, 14 de dezembro, a notícia do seu falecimento.
Dom Paulo foi um dos fundadores e permanente inspirador e protetor deste centro de formação popular, latino-americano e ecumênico. Insistiu que fosse estruturado como entidade civil, para garantir sua liberdade e autonomia, na prestação dos seus serviços às Igrejas e aos movimentos populares.
Em sua sala na Cúria Metropolitana de São Paulo e com sua presença atenta e lúcida foram redigidos e aprovados seus estatutos em fevereiro de 1982, numa assembleia que reunia homens e mulheres, poucas na verdade, naqueles primórdios, cristãos evangélicos e católicos, religiosos e leigos, bispos e pastores, professores universitários e agentes de pastoral.
Por querer acompanhar de perto os primeiros passos do CESEEP, sugeriu que seu teólogo pessoal, o biblista dominicano, Frei Gilberto Gorgulho, pessoa de sua inteira confiança fosse escolhido pela assembleia como seu primeiro presidente, ficando como vice Jether Pereira Ramalho da Igreja Congregacional do Rio de Janeiro e liderança reconhecida e marcante do movimento ecumênico do Brasil e da América Latina, com passagem pelo Conselho Mundial de Igrejas.
Dom Paulo não dispensava, porém, um acompanhamento direto e pessoal. A cada mês, por vários anos, marcou audiência com os dois secretários executivos do CESEEP, o teólogo uruguaio leigo da Igreja Metodista, Julio de Santa Ana, a quem dispensava o maior respeito e carinho e o Pe. José Oscar Beozzo, que ele solicitara ao Bispo de Lins que o liberasse para assumir essa tarefa em São Paulo.
Como Grão Chanceler da PUC pediu ao Conselho Universitário e à Reitoria que entrassem em parceria com o CESEEP para promover um grande mutirão de formação de dirigentes de base das comunidades, pastorais sociais e movimentos populares.
No aniversário dos dez anos do Curso de Verão foi diplomado, por não ter faltado um ano sequer à abertura do mesmo, trazendo sua palavra que era de saudação e, ao mesmo tempo, de ânimo e incentivo àquela multidão de jovens, e menos jovens, que o acolhiam com entusiasmo no TUCA e ouviam com atenção suas palavras e recomendações.
Em setembro passado, entreguei-lhe em mãos o 29º. livro do Curso de Verão que tinha tudo a ver com o programa de sua vida e episcopado: “Economia promotora dos direitos humanos e ambientais”.
Querido Mestre e Amigo, Dom Paulo, o CESEEP é eternamente grato ao senhor, como escrevi na mensagem assinada por toda a equipe executiva do CESEEP e que entreguei na portaria do Hospital Santa Catarina, dois dias antes do seu falecimento.
A melhor maneira de honrá-lo é prosseguir no trabalho que inspirou e apoiou e, nesses tempos difíceis em que vivemos, manter viva a esperança e o serviço aos pequenos, na sua busca por justiça e dignidade.