Como de costume, o Curso de Verão 2017 ofereceu aos participantes diversas tendas. São salas onde acontece o aprofundamento dos conteúdos apresentados pelos assessores através de debate e convivência e que diante do tema atual do curso cada participante oferece suas diferentes abordagens. Uma delas foi a tenda Juventude e Direitos, criada após experiências de cursistas LGBT que marcaram presença no curso de 2016 e pediram à coordenação mais visibilidade ao grupo. Esta tenda abordou, além da questão sobre a diversidade sexual e de gênero na juventude, os temas das diferentes gerações etárias de jovens e as políticas públicas para essa faixa da população.
Na sexta-feira, dia 13, os monitores e cursistas saíram da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica-SP) em ato político pelas ruas do bairro de Perdizes rumo ao Parque da Água Branca. Foram levados cartazes com frases de ordem como: “A PM mata preto todo dia”, “Mais Escolas/Menos Presídios”, “Chega de Violência!”, “Não ao Extermínio de Jovens” e “Cultura do Estupro e do Feminicídio Nunca Mais!”. Esta ação coletiva marcou o encarramento das atividades do penúltimo dia da tenda. “Não teria como acabar de forma mais legítima do que com o grito da juventude na rua, que é um modelo de ocupação, de manifestação. Foi em uma área elitizada que entendemos que a periferia não tem acesso, enquanto juventude que pede vida, pede para ser olhada, grita, pede voz”, afirmou a cursista Adriellen Ribeiro, 22, de Limeira (SP).
Realizou-se uma dinâmica no parque em que os cursistas deveriam dar um passo para frente ou para trás conforme perguntas como: “Você já teve de esconder o seu sotaque?”, “Já teve vergonha de suas roupas e de sua casa?”, “Consegue andar pela cidade sentindo segurança?”, “Precisou de uma bolsa de estudos para estudar?” Foi discutida, em seguida, a questão dos privilégios na sociedade. “A gente tem de parar de pensar que apenas a pessoa precisa de direitos e não olhar para aqueles que têm privilégio. Quem tem privilégio, o que mais tem medo é de perder os privilégios. Se não, caímos no discurso assistencialista que está muito presente em nossas comunidades: lá no fim do ano, ir lá dar uma sopa para alguém”, criticou o monitor da tenda José Nildo.
Os participantes da tenda era formada tanto por jovens de comunidades e de movimentos juvenis quanto por adultos que trabalham com a juventude. O último caso é o da psicóloga Queli Pedrosa, 39, que trabalha com o auxílio a jovens na zona leste de São Paulo. “A tenda coloca a gente para pensar no que está fazendo e nas ações. É uma experiência inexplicável de transformação tanto para a minha vida pessoal, quanto profissional”, declarou.
Para Ana Clara, 22, que veio de Curitiba (PR), foi importante discutir o tema da diversidade na tenda. “A gente (LGBT) é excluído na igreja, no terreiro, mesmo tendo uma religiosidade firme. A tenda está sendo uma experiência muito massa de conhecer outras pessoas novas e outras experiências e outros pontos de vista. Pessoas que nunca tiveram contato com LGBTs”, afirmou ela, que também gostou das discussões sobre as ocupações que ocorreram nas escolas.
Confira no Flikr do Curso de Verão mais fotos do ato e da dinâmica no parque.