Padre José Oscar Beozzo, do Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular (CESEEP), participou em Recife da reunião da Comissão Histórica do processo de Beatificação de Dom Helder Câmara. No texto a baixo, padre Beozzo explica como está o andamento dos trabalhos da Comissão.
Processo de Beatificação de Dom Helder Camara – Comissão Histórica
A 28 de agosto de 2014, para proceder aos estudos históricos, em vista da causa de beatificação de dom Helder Pessoa Camara, foi nomeada pelo Arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido OSB, Comissão de quatro peritos em História, Prof. Luiz Carlos Luz Marques da UNICAP (Universidade Católica de Pernambuco), Recife, PE; Lucy Pina Neta do IDHeC (Instituto Dom Helder Camara); Pe. José Oscar Beozzo do CEHILA-Brasil (Comissão de Estudos de História da Igreja na América Latina) e do CESEEP (Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular), São Paulo, SP e Silvia Scatena da Universidade de Modena e da Fondazione Giovanni XXIII de Bologna, na Itália.
A Comissão dedicou-se no primeiro ano de trabalho a realizar o levantamento dos arquivos, onde poderiam ser encontrados documentos de e sobre Dom Helder. Foram pesquisados, em Fortaleza/CE, onde Dom Helder nasceu, se formou e viveu seus primeiros anos de ministério (1909-1936), os arquivos da Cúria Metropolitana e do Seminário da Prainha; na Arquidiocese do Rio de Janeiro, onde Dom Helder trabalhou como padre e depois como bispo e arcebispo auxiliar (1936 a 1964), os arquivos da Cúria Metropolitana e os arquivos privados de Maria Luiza e Edgar Amarante, Marina Bandeira e Marina Araújo, que formaram parte de sua equipe de trabalho naquela cidade; os arquivos do Dr. Alceu Amoroso Lima, de quem Dom Helder se tornou amigo e com quem carteou, desde os tempos de seminarista e que se encontram no CAALL (Centro Alceu Amoroso Lima para a Liberdade), em Petrópolis, RJ e o Fundo Vaticano II, documentação dos padres conciliares brasileiros, depositada na Biblioteca da Obra Social Redentorista Pesquisas Religiosas, em São Paulo, SP. Foram igualmente consultados, a partir de sua base digital, o Centro de Documentação da Fundação Getúlio Vargas (CPDOC) no Rio de Janeiro, RJ; o Arquivo da CNBB, da qual Dom Helder foi o fundador e por doze anos o secretário geral (1952-1964) e do Memorial Juscelino Kubistchek, em Brasília, DF. Em Recife, onde foi arcebispo e passou seus últimos anos, como emérito, (1964-1999), foram revisitados os arquivos do IDHeC (Instituto Dom Helder Camara) e da Cúria Arquidiocesana e entrevistadas pessoas que com ele conviveram e trabalharam.
Fora do Brasil, foi pesquisado o arquivo do jornalista francês José de Broucker, o primeiro biógrafo de Dom Helder. Seu arquivo está depositado na Universidade de Louvain-la-Neuve, na Bélgica, nos “Archives du monde catholique” (l’ARCA).
Os peritos trabalham, agora, com uma parte da documentação recolhida para sua análise e seleção. A Comissão dedicou-se especialmente ao conjunto da correspondência ativa e passiva; à elaboração da lista das obras publicadas sobre o Servo de Deus e suas ações, ou àquelas cuja autoria lhe são atribuídas; bem como, ao levantamento das noticias e artigos publicados em periódicos nacionais e internacionais.
Em reunião da Comissão de História com o postulador da causa, Frei Jociel João Gomes da Silva OFMCap, no dia 19 de abril último, em Recife, foram repassados os passos já dados pela Comissão, os critérios para uma seleção dos escritos mais relevantes nos diferentes gêneros literários utilizados por Dom Helder: epistolar, crônicas radiofônicas, sermões, discursos, meditações, poesias e o formato e extensão do relatório final com seus anexos. Esses escritos selecionados e analisados sob o ponto de vista histórico, serão submetidos a uma comissão de três teólogos, para exame de sua conformidade com os ensinamentos da Igreja.
No dia 20 de abril, membros da Comissão de História realizaram visita ao IDHeC e reuniram-se com sua direção, a fim de conferir a melhor maneira de se disponibilizar a documentação inédita para exame dos teólogos.
Espera-se que ainda neste ano, esteja concluída a fase diocesana do processo e que este possa ser encaminhado para a Congregação das Causa dos Santos, em Roma.
Recife, 20 de abril de 2016
Lucy Pina Neto e Pe. José Oscar Beozzo