Em tempo de desmonte de direitos a atentar contra a vida no Brasil do presente, o XVII CURSO DE VERÃO NA TERRA DO SOL mobilizou o seu Mutirão, discutindo a temática “RELIGIÕES NO MUNDO: DIÁLOGOS POSSÍVEIS E PROFECIA”. No período de 10 a 15 de julho de 2017, em Fortaleza-CE, reunimos em torno de 100 participantes – cursistas, assessores/as, oficineiros/as, equipes de serviço, ouvintes – num evento que buscou construir o Ecumenismo, com vozes proféticas de diferentes Igrejas e Religiões, a clamar pelo respeito às diferenças na construção de um diálogo inter-religioso.
Nosso ponto de partida foi um esforço de construção de um mapeamento crítico das Religiões no Brasil, buscando delinear tendências e perspectivas. As reflexões apontaram para uma explosão do fenômeno religioso, numa sociedade que se faz líquida com a afirmação de uma espiritualidade individualizante, pragmática e intimista, a colocar, como grande desafio, a encarnação de uma espiritualidade militante, transformadora do mundo em que vivemos!
Nesta perspectiva, discutimos Religião e Política como a difícil equação do nosso tempo. No contexto da modernidade técnico-científica e de um modo de vida fincado em conexões virtuais permanentes, com grande quantidade de informações e o debilitamento da crítica, a religião parece apresentar-se como uma forma de segurança individual, a falar ao coração, suscitando emoções, sem vínculos com a vida pública e coletiva. Assim, impõe-se, como exigência do nosso tempo, a reconstituição do ser humano e da natureza em sua plenitude. É o desafio da Política fundada na Ética, na luta permanente por Direitos Humanos. É neste sentido que Religião e Política estão intrinsecamente vinculadas na defesa da vida.
Avançando na reflexão profética, discutimos Ecumenismo e Diálogos Possíveis, a nos interpelar sobre as nossas próprias vivências ecumênicas, no sentido de fazer valer o Diálogo entre iguais, capazes de aprender com a prática do outro. O grande desafio é como trabalhar as religiões para transformar a realidade, retirando o lixo do fundamentalismo, do dogmatismo e da divinização do poder em nome de Deus. Juntos/juntas-mulheres e homens, na extrema diversidade de gênero – precisamos trabalhar e dialogar para conseguir jogar fora o lixo que acabou se acumulando nas religiões.
Neste sentido, caminhamos para refletir Ecumenismo e Profecia, que nos provoca a discernir a imagem da divindade que está no nosso imaginário. Precisamos ter presente a divindade que nos é apresentado por Jesus de Nazaré: é o Deus que coloca a vida humana no centro do seu amor. É a profecia da Vida, encarnada no Pai que acolhe, no Filho que serve e no Espírito que consola. Assim, a profecia se manifesta na Misericórdia. Em tempos atuais, a Profecia exige quebrar preconceitos, superar barreiras, enfrentar no dia a dia a intolerância no exercício pleno do amor, que pode implicar em perdas e perseguições.
Durante toda semana, o coletivo do Curso de Verão 2017, reunido em quatro oficinas –Espiritualidade e Profecia; Pintura em Tecido – colorindo com Arte; Diálogos Inter-religioso; Teatro e Danças Circulares nos costumes dos povos e nas religiões – transformou em arte as profecias que foram proferidas entre nós.
Como viver o Ecumenismo encarnado, missão profética e espiritualidade da libertação nesse nosso mundo? Eis a questão fundante! E para enfrenta-la, assumimos com compromisso:
- Superar a intolerância, o preconceito, o individualismo, respeitando e acolhendo as pessoas na sua individualidade, na sua fé, no seu jeito de ser, num diálogo contínuo para alcançar o objetivo comum que é a vida em plenitude.
- Ter uma postura dialogal, com respeito ao diferente e compromisso comum com a construção de um mundo mais justo, sustentável e solidário.
- Fortalecer, participar e construir Espaços de Diálogo Inter-religioso, bem como estruturar laços integrados entre as diferentes religiões, a serviço da vida.
- Ampliar a participação no dia 21 de janeiro – dia contra a intolerância religiosa – preparado com ações nas comunidades.
- Viver a resistência, enfrentando todas as formas de discriminação, ódio e dogmatismo.
- Viver a arte como instrumento emancipatório, libertador e ecumênico.
- Viver a dialética igualdade/diferença, materializada nas lutas de classe, de gênero, de etnia.
- Encarnar a Profecia da Vida em todos os espaços do nosso cotidiano, fazendo valer a espiritualidade da libertação.
Amor e verdade se encontram, justiça se abraçam (Sl 85,11)
As pessoas que realizaram o
XVII CURSO DE VERÃO NA TERRA DO SOL 2017
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