A celebração de abertura do 33º Curso de Verão do CESEEP (Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular) aconteceu na tarde desta quarta-feira, 8 de janeiro de 2020, trazendo a valorização da vida pela ótica das várias espiritualidades, a partir da dor, da morte e da esperança de outro mundo possível.
Com elementos que representavam a mãe natureza – como terra e galhos de árvores – e a representação da morte pela ótica do Campo e da Cidade, a mística apresentou as dores, as perdas e as torturas trazidas de forma injusta pelo sistema. Ao mesmo tempo, também foi representada a força da teimosia que traz a promessa da esperança.
“Surpreendemos-nos com a devastação dos processos no mundo das coisas, dos absurdos, mas, ao mesmo tempo dentro da gente tem aquela esperança que nos faz acreditar que tudo pode se transformar. E essa mudança vem da partilha, da solidariedade, assim como o anúncio deste projeto que é o Curso de Verão”, explicou Zezinha Menezes, que é da equipe de liturgia do curso.
Zezinha conta que na primeira parte da celebração, a intenção foi retratar as mortes que tanto fazem sofrer o povo brasileiro e o próprio planeta, “juntamos tudo dentro de um caminhão de horrores”, contou. Às três pessoas caídas no chão, como se estivessem mortas, além de serem símbolos da temática da espiritualidade através da morte, também representavam os jovens assassinados na chacina de Paraisópolis, que aconteceu em dezembro do ano passado.
A celebração procurou retratar as várias espiritualidades, mas a partir da morte. “Tentei trazer a questão do Nietzsche que diz que “Deus está morto”, colocando a questão de que ‘deus’ tem que estar morto mesmo, o que muita gente não entende. Na realidade ele fala desse deus que quer a morte dos outros, esse deus do ódio, da vingança”, explicou Sérgio Calixto, da equipe de liturgia.
“A gente trabalhou muito a questão da cor verde, pensando nesta teimosia de acreditar. Depois da morte, a semente germinada, o anúncio do renascimento e a vontade de fazer a diferença, de ser uma voz no meio de toda essa corrosão, uma voz que anuncia coisas boas”, explicou Zezinha sobre a vestimenta verde de todos os voluntários e voluntárias do Curso de Verão, que também participaram do momento celebrativo.
“Eu fiquei contente por cada voluntário que viveu esta experiência de preparação, foi tudo muito orgânico, a forma como se fizeram presentes estas memórias, em anunciar com voz firme através da proclamação de um texto, de um conto, de uma ação, de um som, de uma dramatização. Foi tudo muito bem orquestrado para que a gente conseguisse passar esta mensagem de esperança”, finalizou Zezinha.
De ‘Funeral do lavrador’, de Chico Buarque, a ‘Andar com fé’, de Gilberto Gil, o público se contagiou com a emoção de cada momento da celebração: da angústia à esperança, do preto ao verde, todos se emocionaram e celebraram juntos a abertura de mais um Curso de Verão.
Equipe de Comunicação do Curso de Verão
Ana Carolina S. Rodrigues