Analisar e refletir sobre o fenômeno do fundamentalismo religioso e suas consequências para os direitos fundamentais de todas as pessoas na sociedade brasileira atual foi o objetivo do Seminário Interreligioso “Direitos Humanos e Fundamentalismo Religioso”, promovido pelo CEBIC (Conselho Ecumênico Baiano de Igrejas Cristãs) em parceria com CESEEP (Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular) e CONIC (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs), contou apoio da CESE.
O evento aconteceu no último final de semana (17 a 19) de maio na sede da CESE, em Salvador. E contou com uma metodologia participativa e vivências de espiritualidade no respeito à diversidade religiosa, muita troca de experiências, o que possibilitou o enriquecimento mútuo a partir das diferentes expressões de fé que estavam presentes.
Para Lucy Luz, do CEBIC a importância do seminário se manifesta na própria pluralidade dos participantes: “Havia pessoas do movimento católico, da Igreja Anglicana, Luterana, Presbiteriana, pessoas de comunidades alternativas religiosas e aqueles/as que não seguem qualquer religião, mas que estão preocupados/as com os fundamentalismos religiosos que se manifestam na conjuntura atual brasileira.”. E completa: “Nesse contexto, de mistura entre política, moral e religião, foi fundamental dialogarmos sobre a história do fundamentalismo, como ele surgiu e foi pensado como ferramenta para dominar territórios e oprimir pessoas.”.
Cecília Franco (Igreja Católica) e Haidi Jarschel (Igreja Luterana), ambas assessoras do CESEEP, facilitaram o compartilhamento das experiências dos/as participantes e provocaram reflexões acerca das igrejas e movimentos religiosos com os Direitos Humanos. O estudo sobre o fundamentalismo religioso permitiu compreender como essa prática contribui para a violação de direitos. Lucy Luz destacou como a percepção de cada pessoa frente aos dissabores da vida e das feridas pessoais e ancestrais foi um aprendizado efetivo para desconstruir preconceitos: “Ouvindo histórias, relatos e depoimentos, o grupo teve oportunidade de se desconstruir, se desnudar e assumir compromissos de luta. Isso foi a essência desse encontro”.
Na contramão de discursos de ódio e de intolerância religiosa, o seminário apontou para caminhos e práticas que apontam para uma cultura de paz, de respeito e de valorização da diversidade. “Foi um momento animador e esperançoso. Despertou possibilidades reias de promover a paz e nos encorajou a continuar lutando para que o Brasil seja um Estado Laico.”, afirmou a representante do CEBIC.