Nos dias 11 e 12 de novembro o CESEEP (Angelica Tostes e Nilda de Assis Candido) participou do segundo Encuentro de Articulación Abya Yala, que ocorreu de forma virtual, e contou com mais de 50 inscritos, representando cerca de 40 organizações, igrejas e movimentos de 14 países da América Latina e Caribe. O encontro foi recheado de luta e resistência, desde as místicas até as partilhas de experiências, os grupos, igrejas e movimentos ali representados puderam inspirar para que essa articulação se torne viva.
A doutora e teóloga feminista mexicana Marilu Rojas encantou a todos e todas com suas alquimias teológicas, provocando a pensarmos nossos próprios fundamentalismos e ir ao encontro do outro, superando as divisões feitas por teologias que deserotizam a vida. O teólogo cubano e coordenador do Centro Martin Luther King, Loyet García trouxe a reflexão que o fundamentalismo faz parte de um projeto de poder que se utiliza de linguagem religiosa para fins políticos e econômicos. Essas importantes falas abriram o encontro na sexta-feira (11/11) para que no sábado (12/11) houvessem nos grupos de trabalho as partilhas de seus contextos e construções de novos horizontes, a partir de alguns pontos, como relatar as boas práticas que podem funcionar para uma articulação latino-americana trabalhar no enfrentamento do fundamentalismo.
O Encontro faz parte de uma construção coletiva que se iniciou de 2021 com os movimentos populares, pesquisadores/pesquisadoras e ativistas ecumênicos do Brasil e de Cuba e, posteriormente, da Argentina, Chile e México. A princípio a ideia que surgiu a partir do Instituto Tricontinental de Pesquisa Social, junto aos companheiros do Movimento Sem Terra, era de realizar um seminário sobre o tema Fundamentalismo Religioso com o Centro Memorial Dr. Martin Luther King, Jr. (CMMLK) de Cuba. O objetivo inicial era aprender com o CMMLK sua experiência e prática no contexto cubano, porém Joel Suárez provocou a ir além de apenas um seminário, mas de fomentar uma articulação popular e ecumênica que pensasse estratégias acerca de como enfrentar o fundamentalismo tem atingido nossos territórios e criarmos uma agenda em comum.
A articulação busca: i) propor ações concretas e comuns de enfrentamento aos fundamentalismos; ii) aprofundar teoricamente sobre o fenômeno e; iii) consolidar um grupo de articulação política internacional.
Em maio de 2022, nos dias 5 e 6, ocorreu primeiro encontro virtual, semelhante ao de novembro, do qual o CESEEP também participou (Lurdinha Paschoaletto e Wagner Lopes Sanchez e Angélica Tostes). Neste teve encontro mais de 50 participantes de coletivos, militantes, pesquisadores/pesquisadoras dos seguintes países: Brasil, Colômbia, Argentina, Chile, Bolívia, Peru, Venezuela, Uruguai, Paraguai. O encontro contou com assessorias de Nicolás Panotto, diretor do Otros Cruces, e Maricel Mena, teóloga e biblista afro-colombiana, que tinham o objetivo de provocar uma discussão acerca da geopolítica da América Latina e as formas como o fundamentalismo afeta no cotidiano da classe trabalhadora.
Além dos encontros virtuais, o CESEEP (Cremildo Volanin e Angelica Tostes) também participou do encontro presencial que ocorreu de 01 a 20 de julho em Havana, no Taller Socioteológico do CMMLK, que teve o tema “La actuación de la Iglesia en un estado laico: de la crisis a la creatividad.” O encontro tinha o objetivo de analisar o papel da Igreja em um estado laico levando em conta os limites de sua ação no espaço público como um ator social e político. Um tempo muito rico e com diversos aprendizados a partir do contexto cubano em diálogo com o Brasil.
A Articulação Abya Yala é um sonho coletivo, uma estratégia de retomar o trabalho de base com uma agenda em comum a partir de organizações ecumênicas, igrejas e movimentos populares para enfrentar o fundamentalismo religioso nos territórios latino-americanos. O CESEEP se soma à essa articulação para a construção dessa resistência conjunta a nossos hermanos e hermanas de Nuestra América.