O economista e professor da PUC-SP, Ladislau Dowbor, deu nesta sexta-feira (8) seu segundo e último dia de assessoria aos cursistas do 29° Curso de Verão, no Teatro da Universidade Católica (TUCA). Ele falou sobre a importância do conhecimento hoje na sociedade e em se saber o que acontece na economia.
“O eixo econômico geral deste século é o conhecimento. Se eu dou o meu relógio para alguém, eu o perco. É o que chamamos de bem rival na economia, ou eu ou outra o pessoa o tem”, disse. “Mas se eu compartilho uma ideia, nós dois a temos”.
Para o economista, é importante questionar as informações da mídia. “Devemos assistir o Jornal Nacional e pensar: ‘que porcaria é essa?”, disse sobre risadas dos cursistas. “Não deve ser uma empresa que acha que devemos pensar o que querem, é uma cooperação de jornalistas”.
Social
Dowbor voltou no último encontro a criticar os juros dos bancos – sobre os quais passou um vídeo crítico humorístico do programa “Zorra Total” -, a falta de preocupação com a pobreza no mundo e o mau uso das riquezas, acumuladas em grandes fortunas. “Sai muito mais caro resolver as consequências da miséria do que acabar com ela. Uma mãe não tem comida para dar para o seu filho”, lamentou.
O assessor falou sobre a importância de atuação conjunta dos setores público e privado. “Não é que somos contra a economia de mercado ou a favor da pública. Normalmente isto nos divide: quem é de direita quer privatizar; quem é de esquerda, estatizar. A economia de mercado é boa para produzir, mas não para a saúde, educação”. Dowbor falou também sobre como o Canadá oferece saúde pública de graça e, com menos custos com o tratamento de doenças, investe menos do que os Estados Unidos, onde o sistema de saúde pública tem difícil acesso.
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O professor terminou o encontro agradecendo a todos antes de ser aplaudido de pé e receber o livro “Pacto das Catacumbas” de presente do autor da obra e coordenador-geral do Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular (CESEEP), padre José Oscar Beozzo. “Quero parabenizar as pessoas que organizaram este curso. O grande eixo (para a mudança) é esse. Nunca vi democracia de graça.”
O presidente do CESEEP, padre Benedito Ferraro, ainda falou sobre a importância da educação. “Escutando esta palestra, penso que temos de retomar o método (do educador) Paulo Freire, a pedagogia do oprimido, para pensar o mundo de baixo para cima”.
Para o teólogo, devemos seguir as recentes declarações do Papa Francisco e buscar uma economia para os pobres, a paz no mundo e cuidar do nosso planeta, a “Casa Comum”.
Arthur Gandini