Foi lançado na última quarta-feira (13), durante o 29° Curso de Verão, o livro “Dom Paulo Evaristo Cardeal Arns – Pastor das Periferias, dos Pobres e da Justiça”, organizado pelo professor Waldir Augusti e pelo padre Ticão, da Diocese de São Miguel Paulista (SP). A apresentação do livro foi feita no Teatro da Universidade Católica (Tuca) aos cursistas, após a última assessoria do curso.
O livro apresenta depoimentos sobre o arcebispo emérito católico da cidade de São Paulo que ficou conhecido pela sua opção pessoal pelos pobres e o seu enfrentamento da Ditadura Militar (1964-85). Dom Paulo foi um dos responsáveis pelo episódio considerado a virada do governo totalitário ao denunciar a morte do jornalista Vladimir Herzog a 8 mil pessoas em missa ecumênica na Catedral da Sé, rodeada por soldados e tanques. Ele também foi um dos organizadores do projeto “Brasil: Nunca Mais”, junto ao pastor presbiteriano James Wright, que compilou centenas de documentos referentes ao período.
“Esse livro foi escrito por 55 pessoas. O mais importante do lançamento aqui é fazer com que o livro seja levado a todas as partes do Brasil por quem não conviveu com Dom Paulo”, afirmou Augusti.
Para o teólogo e professor da PUC-SP Fernando Altenmeyer, que escreveu a apresentação do livro, o trabalho mostra o caráter popular da igreja. “Nós já lançamos o livro na periferia. É um livro do povo”.
Cada um dos cursistas, voluntários e monitores, após o lançamento, recebeu um exemplar do livro e puderam receber uma dedicatória do professor Waldir. O lançamento estava previsto para o dia anterior, mas o padre Ticão teve um imprevisto.
Música
Na última terça-feira (12), após o curso, ainda foi feito um sarau em homenagem à vida do ex-arcebispo de Recife e Olinda Dom Hélder Câmara (1909-1999), que teve seu processo de beatificação iniciado em maio do ano passado.
“Obrigado reverendo/ Deus já está no céu vendo/ a nossa gratidão/ Acabou o meu sofrimento/ você fez apartamento/ no lugar de barracão”, contou uma das músicas.
Dom Hélder foi arcebispo de Recife e Olinda durante a Ditadura Militar (1964-1985) e ganhou destaque, assim como Dom Paulo, ao enfrentar o regime e se colocar ao lado dos pobres.
Conhecido como “bispo vermelho”, ficou famoso por frase dita em resposta às acusações políticas que sofria ao defender os mais vulneráveis. “Quando dou comida aos pobres, me chamam de santo. Quando pergunto porque eles são pobres, chamam-me de comunista”, dizia Dom Hélder.
Ainda foi feito um encontro entre os integrantes do sarau e o bispo emérito do Recife da IEAB (Igreja Episcopal Anglicana do Brasil) e assessor do 29° Curso de Verão, Dom Sebastião Gameleira, que conviveu com Dom Hélder.
Arthur Gandini