Igor se define apenas como seguidor de Jesus e critica intolerância às diferenças
Igor de Moura Frota, 25, já foi católico, teve uma passagem pelo protestantismo e hoje se considera independente de igrejas e religiões. É mais próximo do espiritismo, mas diz não se identificar totalmente com o credo também. “Não sou muito preso a nenhuma titularidade”.
Definindo-se apenas como alguém que “acredita nos ensinamentos de Jesus Cristo e tenta seguir”, é crítico a não aceitação das diferenças, o jovem veio participar do Curso de Verão pela primeira vez e encontrou pessoas que pensam como ele.
O educador social está na tenda (oficina) “Liderança de Grupos Populares”, que tem o objetivo de refletir sobre o papel dos líderes por meio do pensamento de Paulo Freire. Igor conversou com a equipe de comunicação sobre suas experiências religiosas e as impressões sobre o 28º Curso de Verão. Leia a entrevista a seguir.
Para alguém que não faz parte de nenhuma religião hoje, nem de nenhuma igreja, o que você está achando de um curso ecumênico?
Nossa, foi uma realização eu vir para um curso ecumênico! Porque eu sempre pensei nisso e confesso que eu não sabia que existiam cursos ecumênicos. Eu não sabia e, na verdade, eu ia continuar sem saber por falta de buscar conhecimento. Eu busquei esse curso ecumênico pelo meu serviço, que é a Associação Rede Rua, e os meus líderes lá me ofereceram essa matrícula nesse curso para enriquecimento pessoal mesmo. Para tentar implantar alguma coisa que a gente aprende – que é muita coisa mesmo – aqui no serviço e, eventualmente, eu aceitei essa oportunidade e vim.
Nessa independência de igreja e religião, você se sente identificado com o ecumenismo?
Eu sempre fui uma pessoa não muito ligada a preconceitos. Desde pequeno, eu sempre achei que não havia religião certa, não pelo mal sentido, mas pelo bom sentido: todas as religiões que acreditam em alguma coisa, que acreditam em algum deus, seriam certas… Sem essa mania de grandeza, sem alguém falar que esta é certa e aquela é errada. Desde pequeno eu pensei nisso, eu penso nisso e sou muito adepto, sim, do ecumenismo.
Foi por essa questão que você acabou afastando-se de igreja e religião?
Particularmente, sim. Vou dar um exemplo. Eu fui a algumas igrejas protestantes e lá eu não encontrei um ambiente muito saudável. Não vou generalizar todas, mas não encontrei um ambiente muito saudável.
Como é a questão de aceitar as outras religiões e as diferenças?
O que eu vou falar é sempre visando as diferenças. Não tinha a aceitação, até porque eu sempre pensei de tal maneira: se eu vou a uma igreja, eu vou receber a palavra e o ensinamento e vou filtrar esse ensinamento. O que for bom, eu pego para mim. Se eu fosse à Igreja Católica (Apostólica Romana), eu filtrava e ficava com alguma coisa. Se eu fosse à igreja evangélica, eu filtrava e ficava com alguma coisa. Mas é claro que tinha algumas coisas que eu não concordava e por não concordar com alguns pontos, eu confesso que deixei para lá, não procurei mais.
Essa não aceitação, você também se deparou com ela na Igreja Católica Apostólica Romana?
Sim.
Você tem vontade de voltar à ideia de religião e igreja com um curso ecumênico? Te ajuda a pensar um pouco em relação a isso?
Eu participo de uma ONG que é kardecista, Irmãos da Nova Era. Eu acho que se fosse para escolher alguma religião, a caridade me toca muito. Essa caridade eu vi em alguns lugares, vi na Igreja Católica (Apostólica Romana), vi em algumas igrejas protestantes, mas, no kardecismo, eu vi essa caridade como regra básica. Eu gostei muito dessa ideologia e se fosse para eu me intitular de alguma religião, me intitularia espírita.
Essa caridade está presente aqui também no Curso de Verão?
Sim, com certeza. Aqui é um mundo que você não imagina. Você chega em um lugar onde quase 99% dos participantes são jovens e eles se abraçam, se beijam e um compreende o outro. Essa união é totalmente diferente do que eu encontrei em qualquer tipo de lugar que eu já passei.
O que você mais gostou até agora no Curso?
As diferenças. Gosto muito das diferenças e de você expressar a sua opinião sem represálias.
Arthur Gandini