É sempre um desafio elaborar uma imagem que possa colaborar de alguma forma com o conteúdo do Curso de Verão.
Neste ano, a partir do tema “Juventude e relações afetivas” o painel tem sua centralidade no gesto amoroso entre duas pessoas, na atitude de entrega de um ao outro, do olhar que se funde no desejo do toque e do carinho. A pessoa toda se coloca na relação; mãos que se acariciam, corpos que se tocam, lábios que se beijam…
Mas esta imagem meio poética nem sempre corresponde à realidade. Por isso, nas duas extremidades acima e abaixo, percebemos duas figuras, uma masculina e outra feminina, separadas uma da outra. Estão de costas e transmitem algum tipo de inquietação, de medo ou sofrimento. Os corpos, embora frutos da criação Divina (representado pelas duas grandes mãos que os acolhem e protegem como mãe e pai), se encontram mal integrados consigo mesmos. Medos, repressões e sentimentos de culpa, mais gerados pela cultura que pela fonte da nossa fé, quebram a harmonia da criação, separam esses corpos e geram sofrimentos desnecessários.
Da mulher surge um tecido bordado como para uma noite de núpcias, mas que é interrompido e quebrado por figuras pontiagudas e avermelhadas. Representam a falta de compreensão mais profunda e de acolhida da nossa afetividade e sexualidade como dimensões essenciais para a formação da personalidade da pessoa e para uma espiritualidade integrada e sadia.
As cores análogas em matizes de lilás e azul procuram transmitir uma atmosfera serena, aquietante e noturna, cenário inspirador de namoros e encantamentos. Desse fundo azul destaca-se a lua e estrelas, como o leito sobre o qual o encontro acontece e clássica musa inspiradora de tantas palavras e cartas de amor…
Mas é apenas um olhar, de um ponto de vista. Você pode ver diferente. Tudo depende do seu olhar, ou melhor, dos sentimentos que povoam sua alma e seu coração. E nesse sentido, nem tudo tem explicação… tudo é mistério.
Anderson Augusto Souza Pereira