Essas foram as expressões do índio Gildo Xukuru, da Diocese de Pesqueira, PE, que participa pela primeira vez do Curso de Verão, durante a entrevista à equipe de comunicação do Curso de Verão 2018.
Gildo fala com vida e confiança da trajetória de luta do seu povo que vive no alto da Borborema, na Serra Ururumbá, há 250 quilômetros de Recife, PE.
“Somos 12 mil pessoas que há anos lutamos por uma terra livre, onde todos possam viver dos frutos desta pátria mãe. Depois de muitos anos de resistência, em 1998 retomamos nosso território. Nessa trajetória muitos parentes tombaram, derramaram seu sangue, foram plantados na floresta e hoje são nossos guias”.
Gildo destaca a atuação do cacique Chicão, que lutou bravamente em defesa das terras e dos direitos do seu povo e de todos os povos indígenas da região. O cacique Chicão foi brutalmente assassinado a mando dos fazendeiros em 1998, 12 anos após a retomada do território.
Segundo Gildo, as palavras do Cacique Chicão são referências de ânimo nos momentos de sofrimento. Ele sempre dizia “o osso da terra são as pedras, o sangue da terra é a agua, o cabelo da terra é a mata”, relata Gildo.
Sobre o tema do Curso de Verão, “Ética e Participação Popular na Política a Serviço do Bem Comum”, Gildo comenta que o povo está desacreditado na política. “Nosso povo foi para as ruas em defesa da presidenta Dilma contra o golpe do Brasil a mando dos latifundiários, empreiteiras, donos do agronegócio, banqueiros, do capital internacional”. Para o povo Xukuru e outros povos da região, a retirada à força da presidenta eleita apontava para dias de muito sofrimento pela frente”.
“Precisamos estar bem informados para ajudar nosso povo. Por isso estou aqui em São Paulo, participando do 31º Curso de Verão, para entender melhor este cenário sombrio por que passa a nação Brasileira”.
Para finalizar, trago aqui mais uma das frases que o Cacique Chicão costuma falar: “Vamos parentes, porque por cima do medo está a coragem. Força Tupã, força no ar”.