Logo no meu primeiro ano de seminário passei por um momento desagradável. Meu irmão que era o Diretor da Disciplina de repente precisou fazer uma viagem. Para onde? Por quê?
Só sabia que ele viajara porque alguns dos meninos viu o momento em que ele saiu do quarto com uma mala. Logo o reitor nomeou um substituto provisório enquanto ele estivesse ausente. Ausente por quê? Perguntei ao Reitor e ele deu uma resposta evasiva. Teria acontecido alguma coisa em casa? Perdi a paz e fiquei de antena ligada para ver se descobria alguma coisa.
O melhor lugar era ficar por perto da janela da sala do Reitor e ouvir o telefone tocar para descobrir se era alguma notícia de meu irmão. Deu certo. Ouvi o telefone tocar e o reitor dizer: como ficou tudo aí? … Tudo bem? … Sua irmã está conformada? … Logo pelas perguntas conclui que alguém tinha morrido. Perguntei ao Reitor o que estava acontecendo. Ele me disse: não é nada não, seu irmão volta logo e você então conversa com ele.
Até meu irmão voltar chorei muito. Talvez tenha sido a primeira e última vez que chorei e chorei mais ainda quando meu irmão voltou e me disse que meu sobrinho, filho da minha irmã mais velha de três anos(?) ficara doente e morrera em seguida.
Por que não me levou? Por que não me explicou antes de ir? Até hoje espero respostas. Era a educação que se dava para quem estava no seminário. Ponto.
Tenho muita dificuldade para chorar. Mesmo nos momentos difíceis da Páscoa de meu pai, de minha mãe, de minha filha, de meus irmãos, de amigos… Fico calado e reflexivo. Tento lembrar-me que o céu é sempre o melhor… e, as lágrimas não aparecem.
Padre José Vanin Martins