Neste domingo, 8 de janeiro, terceiro dia do 30º Curso de Verão, fomos convidados a olhar para as mídias e abordar a sua relação com a violência. A conferencista desta manhã, Magali Cunha, é jornalista, doutora em Ciências da Comunicação, membro da Sociedade Internacional Mídia, Religião e Cultura, além de Colaboradora do Conselho Mundial de Igrejas.
Com o tema: “O desafio da humanização das mídias em tempos de espetacularização da violência” a professora Magali explicou os tipos de violência a que as pessoas estão expostas. Violência física; violência psicológica; violência sexual; violência de gênero; violência contra a mulher; violência moral; violência familiar/doméstica; violência religiosa; violência étnico-racial; violência patrimonial.
De acordo com Magali a questão da violência gera lucro para algumas pessoas e grupos, vide relatório da ONU de 2015 sobre o valor arrecadado pela indústria de armas e o crescente lobby para a liberação do porte em alguns países, como o Brasil, por exemplo.
A professora dividiu as mídias em tradicionais – de massa –, populares/comunitárias/alternativas, digitais – TICs – e convergentes (tradicionais + alternativas + digitais). Vivemos, segundo a professora, na sociedade da informação, pois recebemos informações de todos os lugares e, além disso, somos produtores de conteúdos informativos.
Sobre a violência, Magali destacou que a relação que se dá entre as mídias e as pessoas é uma relação de dupla mediação, onde as pessoas parecem sentir prazer e querer ver/ouvir/compartilhar conteúdos que contenham violência. “As pessoas não têm mais sensibilidade com a violência praticada”, afirmou.
Neste aspecto, a violência assume características de atrair as pessoas; ela vende, ou seja, gera lucro para quem a veicula; cria e reforça a sociedade do espetáculo; se tornou algo banal que não impressiona mais as pessoas; passou a ser verbalizada sem receio das reações adversas.
Leia a entrevista da professora Magali dada ao Ceseep:
Um exemplo disso são as mídias digitais, onde os próprios usuários assumem uma posição ativa diante dos conteúdos produzidos e divulgados. “Com as mídias digitais, em especial com as sociais, vemos uma verbalização da violência. As pessoas se sentem à vontade para caluniar, difamar e ofender se sentindo protegidas por uma tela. Algumas pessoas poderiam fazer isso face a face, mas o número seria bem menor. A tela dá uma certa proteção”, afirmou.
“As mídias refletem a crise de valores que temos hoje”, prosseguiu a professora Magali, destacando que o que vemos nos meios de comunicação é o reflexo dos sentimentos que existem hoje em nossa sociedade.
Ao final, a professora convidou para uma outra prática em relação a mídia e ao consumo e produção de conteúdos violentos, destacando ainda a necessidade de fortalecimento das mídias alternativas que trazem outras mensagens de vivência em sociedade.
Olho com grande preocupação o papel que a “grande imprensa” exerce sobre a sociedade. Nos dias atuais tem uma protuberância de informações que em vez de ajudar destrói a racionalidade e desconstrói a verdade.
Alias verdade nos dias atuais é algo complicado de conversar quando se trata de imprensa, pois estamos mergulhados em um mar de informações e sedentos de conhecimento para interpreta–las!