“A tolerância é um crime quando o
que se tolera é a maldade.” (Thomas Mann)
“Felizes as pessoas que promovem a paz,
pois elas serão chamadas de filhas de Deus.” (Mateus 5:9)
O Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC) repudia as ameaças de morte sofridas pela pastora Odja Barros, da Igreja Batista do Pinheiro, Maceió-AL. A pastora Odja e a Comunidade do Pinheiro são nacional e internacionalmente reconhecidas por seus trabalhos diaconais, ecumênicos, inter-religiosos e de promoção e defesa dos direitos humanos.
As ameaças de morte vieram após a pastora Odja celebrar, em sua Igreja, a união de duas mulheres – notícia amplamente veiculada nos meios de comunicação (clique aqui para ler).
Acolhemos e respeitamos o fato de que igrejas tenham compreensões diferentes em relação à acolhida e realização de benção matrimonial entre pessoas do mesmo sexo. Entretanto, não podemos aceitar que pessoas ou participantes de comunidades e igrejas que, todavia, não acolham plenamente pessoas LGBTQIA+ em suas comunidades, ameacem pastores e pastoras de igrejas que adotaram, por coerência de fé, a plena aceitação destas pessoas.
Impossível não destacar os traços misóginos nos ataques direcionados contra a pastora Odja Barros. São raras as imagens em que a presença forte de mulheres esteja em destaque. As imagens da benção matrimonial permitem ver que igrejas não patriarcais podem ser reais. Alem do mais, estas imagens refletem a coerência profunda da vida vocacional da pastora Odja.
As ameaças contra a pastora Odja Barros e contra inúmeras outras lideranças religiosas mulheres são reflexos do contexto político e religioso do país, que tripudia e nega a existência plena das mulheres. O patriarcado se impõe aprofundando medos e disseminando violências. Não aceitaremos estas práticas.
Jesus de Nazaré, cujo nascimento celebraremos nas próximas semanas, nos ensina o amor incondicional. Toda pessoa que se diz seguidora de Jesus de Nazaré, como resposta ao Batismo, precisa comprometer-se em amar incondicionalmente. Armas e ameaças são a reprodução da mesma cruz que matou Jesus.
Apelamos que as autoridades do estado de Alagoas apurem, com rigor, as ameaças feitas, e que as pessoas envolvidas nas ameaças respondam pelos seus atos. Da nossa parte, acompanharemos de perto os desdobramentos desse ato odioso, certos de que a justiça será feita.
À pastora Odja e à toda comunidade do Pinheiro, a nossa irrestrita solidariedade.
CONIC – Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil