Na manhã deste sábado, 7 de janeiro, segundo dia do 30º Curso de Verão, que tem como tema: “Educar para a paz em tempos de injustiças e violência”, o palestrante foi o professor e diplomata brasileiro, Paulo Sérgio Pinheiro.
Em sua exposição, o professor falou sobre a “Violência na cena internacional e os organismos promotores da paz”, principalmente nas regiões de conflito como a Síria. Além de ressaltar a importância da Declaração Universal dos Direitos Humanos das Nações Unidas na busca de relações pacíficas entre os povos.
O professor falou ainda sobre o Anuário Brasileiro de Segurança Pública e os números alarmantes da violência no Brasil, muitas vezes praticada pelo próprio Estado.
No momento de perguntas, Paulo Sérgio falou sobre as relações dos países com a ONU e o papel da organização na luta para manter a unidade internacional entre os países.
Ao ser questionado sobre a existência de leis especiais para mulheres, políticos e negros, por exemplo, o diplomata destacou que não se pode confundir leis afirmativas ou como a Maria da Penha, com o foro privilegiado dos políticos. “É evidente que todos esses grupos, que tiveram reconhecidos seus direitos específicos, têm que ser defendidos e têm que ter proteção especial. A temporada de caça às mulheres no Brasil, não se fechou. Toda vez que venho ao Brasil vejo notícias de mulheres que foram assassinadas pelos seus namorados ou maridos. A lei Maria da Penha tem toda a razão de existir”, respondeu.
Faça o download do material apresentado.
Leia a entrevista de Paulo Sérgio dada ao Ceseep
Entrevista CV 2017 ‘É fundamental que a sociedade possa ter instrumentos para construir a paz’
“Agora para os políticos o foro privilegiado é um escândalo e não podemos confundir lei Maria da Penha com foro privilegiado. Da mesma maneira, as políticas afirmativas. Quanto vamos esperar para que este País deixe de ser racista? Não dá para esperar o desenvolvimento econômico; os descendentes dos escravos estão, até hoje, sendo discriminados. Os afrodescendentes têm direito a um tratamento específico do Estado, para que resgatem a enorme dívida que o Estado brasileiro tem”, afirmou o professor.
Sobre a Comissão Nacional da Verdade e a não revogação da Lei de Anistia, o professor destacou que a afirmação de que “a Lei de Anistia foi um pacto entre os militares e a oposição” é uma grande mentira. A Lei de Anistia tal qual foi feita é na verdade uma auto-anistia, algo que vai contra até as leis internacionais. Porém, a Comissão não tinha poder de revogação das decisões tomadas.
Por diversas vezes Paulo Sérgio criticou o governo Temer, “a ditadura durou 21 anos, mas esse governo rastaquera não vai durar”. E incentivou e motivou para que as pessoas não desanimem e continuem na luta. “Não está na hora de pendurar a chuteira e ficar choramingando. Temos que fazer o que vocês estão fazendo, dar testemunho. Temos que superar as barreiras. Temos que voltar à atmosfera de unidade que existiu anteriormente”.