O curso começou! Dezenove pessoas, vindas do Brasil, Cuba, Equador e Costa Rica, reuniram-se na busca pela compreensão do tema “Ecojustiça: Compromisso ecumênico no enfrentamento da desigualdade social e da emergência climática”.
Iniciamos nossa jornada com uma mística sobre a terra, inspirados pelas palavras do Salmo 24:1-3:
“Do SENHOR é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam. Porque ele a fundou sobre os mares, e a firmou sobre os rios. Quem subirá ao monte do Senhor, ou quem estará no seu lugar santo?”
Cantamos juntos, unindo nossas vozes em um cântico de louvor e esperança. Compartilhamos o avaxi etei (milho guarani) e o ei (mel), evocando a sagrada memória da cerimônia Nhemongarai dos guaranis. Este momento foi um tributo à terra e às suas dádivas, um rito de união e respeito.
A presença inspiradora do diretor do CESEEP, Wagner Sanchez, e do coordenador geral, Pe. José Oscar Beozzo, enriqueceu nossa abertura. Suas palavras de acolhimento e encorajamento reforçaram o propósito do nosso encontro e a importância do compromisso com a ecojustiça.
No segundo dia, tivemos a alegria de contar com a presença de Maria Maranhão, que nos conduziu em uma bela integração da turma, repleta de canto popular e danças que nos conectaram ainda mais com a terra. Loyet Garcia e Suzana Moreira, membros da coordenação colegiada do curso, auxiliaram na integração do espanhol e do português, trazendo leveza e alegria com um jogo que envolveu a todos e todas.
Além disso, Loyet Garcia, do Centro Martin Luther King de Cuba, nos guiou na partilha de práticas a partir de quatro eixos fundamentais: Bem-Viver, Ecumenismo, Racismo Ambiental e Eco-Espiritualidade. Essas reflexões nos permitiram aprofundar a compreensão de como diferentes aspectos de nossas vidas e crenças podem se entrelaçar na busca por justiça social e ambiental.
No terceiro dia, a ecoteóloga Suzana Moreira nos guiou em uma análise de conjuntura, na qual os grupos construíram, de maneira popular, a partir de seus territórios. Ela conectou os pontos abordados com a questão urgente da emergência climática, destacando o papel fundamental da Laudato Si’ no contexto atual. Em seguida, mergulhamos em uma sessão de cine-debate com o documentário “A Carta” (disponível no YouTube), que trouxe novas perspectivas e reflexões. Foi um dia de meditação profunda, uma contemplação da terra que nos convidou a olhar para dentro de nós mesmos.
Após um dia de descanso no domingo, visitamos a Catedral Anglicana Santíssima Trindade em São Paulo, onde participamos de uma celebração dominical, linda e inspiradora. Após a celebração, engajamos em uma conversa com a comunidade sobre a questão da ecojustiça e a fé anglicana.
O Reverendo Stephen Dass e Mary Dass compartilharam suas experiências com a população de rua em São Paulo, enquanto o teólogo Wallace Góis e o seminarista Guilherme Bejo trouxeram elementos do anglicanismo relacionados ao Cuidado com a Casa Comum, ao envolvimento com o Tempo da Criação e ao grupo de trabalho sobre justiça climática dentro da diocese.
Após a visita à Catedral Anglicana, o grupo teve uma experiência enriquecedora no Museu das Culturas Indígenas. Lá, tivemos a oportunidade de conversar e aprender sobre a luta indígena pelos direitos à terra e a proteção da natureza. Este encontro proporcionou um valioso intercâmbio de conhecimentos e reforçou a importância de unir forças na defesa dos direitos indígenas e da preservação ambiental.
No sexto dia de curso, tivemos a honra de escutar o Pe. José Oscar Beozzo, que nos brindou com sua sabedoria sobre a história do ecumenismo e seu desenvolvimento no Brasil e na América Latina. Sua palestra ofereceu uma perspectiva rica e detalhada sobre as raízes e os avanços do movimento ecumênico na região, iluminando os desafios e as conquistas ao longo dos anos.
No período da tarde, iniciamos com o grupo híbrido, que conta com participantes do Brasil, Cuba, Equador, Bolívia, El Salvador, México, Peru, Uruguai e República Dominicana. Tivemos uma acolhida especial e, em seguida, a teóloga feminista e coordenadora do curso, Angelica Tostes, trouxe uma reflexão profunda sobre os desafios do ecumenismo e do diálogo inter-religioso na perspectiva da ecojustiça. Sua abordagem destacou a importância de unir diferentes tradições religiosas na luta pela justiça ambiental, enfatizando a necessidade de colaboração e entendimento mútuo para enfrentar os desafios globais contemporâneos. Encerramos o dia com muito mojito e festa, celebramos a noite cubana com alegria e luta de nossos companheiros e companheiras.
Fechando com chave de ouro a primeira semana, tivemos o privilégio de contar com a ecoteóloga feminista Ivone Gebara, que nos desafiou a refletir sobre a ecoteologia feminista e a ir além, repensando as formas de Deus, Igreja e ecumenismo. Ivone nos convidou a considerar, em vez de “ecologia” que deriva do logos, a “ecosofia”, a sabedoria da terra, incentivando-nos a adotar uma abordagem mais profunda e integrada em nossa relação com a natureza. Sua provocação inspirou novas maneiras de compreender e praticar a espiritualidade, ecumenismo e a vivência interfé. Na noite, escutamos as boas práticas do oriente de Cuba com as técnicas e filosofia da Permacultura que Mercedes Moraya nos brindou com saberes de seu território, mostrando que é possível uma ecoteologia vivida no cotidiano.
Paz, sou ex cursista do ano de 1989 e sinto até hoje o bem que me fez a participação deste curso. Sinto saudades e gostaria de saber sobre os exames cursista. Fiz o curso Latino – Americano no mês de junho/ julho.