Alguns defendem que ‘tudo é política, embora a política não seja tudo’. Do mesmo modo, pode-se afirmar que ‘tudo ou quase tudo é economia, embora a economia não seja tudo’. Porém, a política e a economia estão intimamente relacionadas e não são, ou não deveriam ser, um jogo de “vale tudo”. Em ambas, a ética, a justiça e o bem estar coletivo devem prevalecer. Esse foi o mote que orientou a reflexão do economista e professor da PUC/SP Ladislau Dowbor nesta sexta feira (8) no 29º Curso de Verão, numa promoção do Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular (CESEEP). O curso acontece na PUC de São Paulo com o tema “Economia promotora dos direitos humanos e ambientais”.
Conforme Dowbor, a economia é uma dimensão fundamental da vida sobre a qual todos precisam aprender. “Economia é o conjunto das atividades que podem levar à melhoria da qualidade de vida. O grande desafio é utilizar os recursos econômicos para resolver os dramas sociais e ambientais”, advertiu. O professor também chamou atenção para a questão da urbanização. “Hoje cerca de 85% da população brasileira vive nas cidades. Esse fenômeno pode multiplicar problemas sociais e ambientais, mas, por outro lado, abre inúmeras possibilidades de convivência”, disse.
O economista enfatizou a importância de utilizar o conhecimento para promover a democracia, o espírito público e o bem comum. “Se eu distribuo meu relógio, fico sem ele; mas se compartilho uma ideia, ela se multiplica. Assim, o conhecimento pode gerar novas formas colaborativas e organizativas”. Incentivou os cursistas a se engajarem em projetos alternativos. Para contribuir nesse sentido citou o documento “Projeto Política Nacional de Apoio ao Desenvolvimento Local”, que contém 89 sugestões concretas e viáveis para dinamizar a economia local. O documento está disponível no site: http://www.polis.org.br/uploads/1509/1509.pdf.
O enfoque dado pelo professor está em sintonia com a perspectiva dos Fóruns Sociais Mundiais, cuja primeira edição aconteceu em 2001 na cidade de Porto Alegre/RS, tendo como slogan “Um outro mundo é possível”. Em sua 15ª edição, o Fórum Social Mundial volta ao Rio Grande do Sul. O evento que articula experiências e propostas altermundistas será realizado de 19 a 23 de janeiro de 2016, em Porto Alegre, com o tema “Paz, democracia, direitos dos povos e do planeta”. Inscrições podem ser feitas pelo site: www.forumsocialportoalegre.org.br.
Dirceu Benincá