REFORMA PROTESTANTE: 500 ANOS
Encontro Latino-americano de Estudos – Curso dos Brispos
Durante dois dias, 19 e 20 de outubro, tivemos a assessoria do Pastor Lauri Emílio Wirth da IECLB (Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil), que nos ajudou, com grande competência, a perceber o amplo panorama histórico no qual se situa e se deve compreender a Reforma Protestante.
Vimos como a Reforma foi expressão de um novo tempo, com seus avanços e ambiguidades; expressão da traumática passagem do mundo medieval à modernidade; manifestação de nova forma de vida cristã em meio a nova forma de civilização.
Fica-nos a grande pergunta: Lutero desejava a “reforma” a Igreja, não sua divisão. As rupturas, desde a Economia até os novos valores culturais, levaram a desentendimentos e até a guerras.
De um lado e de outro, as posições se radicalizaram e a unidade foi quebrada em pedaços.
Quem sabe, nos condições de hoje, frente a novas transformações e ameaças (pensemos nos problemas da Ecologia e da Pobreza), a busca da unidade é o que nos pode levar a consumar a Reforma, enquanto uma Igreja “reformada” seria realmente resposta às grandes aspirações do movimento popular mundial, pois naquela época os reclamos de reforma da Cristandade já vinham carregados pelos movimentos populares, pelo menos desde o século XII.
Estudar a Reforma no seu contexto histórico do século XVI, nos ajude a pensar e ver com mais clareza a função da Igreja em meio aos grandes desafios de nossa época atual, justamente quando as grandes necessidades de nossos povos não nos perguntam primeiro por ‘confissões fé”, mas por “soluções de fé”, e estas nos devem unir cada vez mais.
Como dizia Dom Helder Câmara: “Quando nós, das Igrejas cristãs, resolvermos assumir realmente as preocupações de Deus, que são as necessidades de vida de seu povo, então teremos vergonha de nossas divisões, porque nos parecerão coisa tão pequenina”.
Dom Sebastião Armando Gameleira
Bispo emérito do Recife, PE
Igreja Episcopal Anglicana do Brasil (IEAB)