Na manhã de hoje (9), durante o 28º Curso de Verão, na PUC/SP, o teólogo e professor de Cultura Religiosa da PUC/Minas, Edward Neves M. B. Guimarães, refletiu sobre a importância do referencial ético para a construção de relações afetivas equilibradas e saudáveis. Em sua análise, mostrou que o ser humano é naturalmente insatisfeito e ambíguo. Citou o também teólogo João Batista Libânio, falecido há um ano, para quem “nada de humano se constrói sem ambiguidade. A afetividade, ao relacionar-se com os outros, facilmente se banaliza”.
Depois analisou a condição humana que busca complementariedade, a liberdade, a felicidade e a realização afetiva, mas, muitas vezes, nesse processo experimenta a dor, o fracasso e o sofrimento. Por outro lado, mostrou a beleza da construção permanente, equilibrada, dialogada, cuidadosa e respeitosa das relações afetivas. Para Guimarães, “somos muito mais do que conseguimos ser na prática”. Ele falou da Ética como uma base que nos ajuda a avançar e aperfeiçoar a nossa moral, nossos costumes, nosso jeito de viver e conviver.
Citando Gonzaguinha, o teólogo disse que “precisamos descobrir a beleza de sermos eternos aprendizes”. Nesse sentido, a Ética é um desafio para todos em todos os tempos e faz com que não cedamos “à mediocridade de levar uma vida no automático, nos tradicionalismos. A cada situação, temos que pensar qual entre as alternativas viáveis e possíveis é melhor para garantir a vida e a dignidade do ser humano”, afirmou.
Ao falar da afetividade mais diretamente relacionada com os jovens, destacou a importância do ambiente familiar como “plataforma de lançamento para a vida”. Apontou o diálogo na família e entre os próprios jovens como caminho para uma afetividade saudável. Em meio a muitos problemas de ordem afetiva, dentro e fora da família, ainda há muitas experiências que conseguem concretizar um espaço riquíssimo de diálogo e respeito.
Os meios de comunicação enfatizam mais o que não está dando certo nas famílias e entre os jovens. A sociedade capitalista colocou o dinheiro acima de tudo, desrespeitando a sacralidade da vida. Diante disso, Guimarães afirmou: “Tenho medo da leitura pessimista de que o nosso tempo é o pior de todos. Não vejo assim. Nós criamos muitas coisas interessantes mesmo nessa sociedade capitalista”. E acrescentou: “Criamos muita ciência e tecnologias que podem ser colocadas a serviço da vida. Cabe aos processos educativos garantir às gerações atuais valores e princípios que nos ajudem a cuidar da vida e a bem viver.”
O Curso de Verão/2015, promovido pelo Centro Ecumênico de Evangelização e Educação Popular (CESEEP) conta com a participação de mais de 400 pessoas de todas as regiões do país e também de outros países. Iniciou dia 6 de janeiro e estende-se até o próximo dia 14, discutindo o tema da juventude e relações afetivas a partir de análises psicológicas, teológicas, éticas e socais.
Dirceu Benincá