Encerrou-se na última quinta-feira (14) o 29º Curso de Verão promovido na PUC-SP pelo Ceseep (Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular). A mística e celebração de encerramento aconteceram no Teatro da Universidade Católica (Tuca).
O cursistas avaliaram e celebraram em suas respectivas “tendas” (oficinas), na parte da manhã, as reflexões que fizeram sobre o tema “Economia promotora dos direitos humanos e ambientais” e seguiram para o teatro por volta das 14h30, após o almoço.
A coordenadora do Curso de Verão, Cecília Franco, pediu para que os cursistas deixassem visíveis as flores que receberam na abertura do CV. O branco representava a junção de todas as cores; o verde, a esperança; e preservá-la até o final do curso, o cuidado com o meio ambiente, com a “Casa Comum”.
Os cursistas relembraram de seu compromisso ao som da música “Flores para você” do grupo Flor de Minas: “Flores são sempre flores/ Flores despertam amores/ Flores de várias cores/ Flores, flores, pra você!”
As luzes, então, se apagaram, e foi lido um texto similar ao da Criação de Gênesis, como na abertura do curso. Entretanto, agora, o ser humano não destruía o mundo, mas a natureza ia sendo restaurada e Deus via que “era muito bom”.
“E Deus disse: ‘Tenham olhar diferenciado para a sua dignidade e a do outro ser. Sintam-se parte da Criação’”, disse uma voz no Tuca, com as luzes já não mais totalmente apagadas. “E Deus disse: ‘Partilhai, multiplicai nas comunidades, nos grupos locais, a experiência e sabedoria adquiridas no Curso de Verão.
Neste curso, sintam-se chocados. Uni-vos na luta pela recriação do paraíso. Enquanto houver ainda um pobre entre vocês, eu ainda estarei aí.’ E a voz concluiu: “E Deus viu que tudo era… muito bom!”, completaram os cursistas juntos, enquanto as luzes se acendiam novamente.
Cursistas desceram com folhas de ramo pelo Tuca e todos cantaram “Aleluia” e “Oferecerei” invocando nomes como “Dom Hélder”, “Gustavo Gutierrez”, “Frei Chico”, “Nelson Mandela”, “Irmã Dorothy”, “Margarida Alves”, “Chico Mendes” e “Zilda Arms”.
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O bispo emérito de Recife da IEAB (Igreja Episcopal Anglicana do Brasil) e assessor do curso Dom Sebastião Gameleira leu texto com lembranças e dizeres do bispo católico de Recife e Olinda Dom Hélder Câmara (1909-1999). “Aqui no Nordeste, Cristo se chama Zé Antônio Severino”, dizia Dom Hélder.
Comprometimento
Um vídeo com o compromisso de vida contado por Dom Pedro Casaldáliga, bispo católico emérito da prelazia de São Félix do Araguaia, foi passado aos cursistas. “Este anel é feito a partir de uma palmeira da Amazônia. É sinal de aliança com a causa indígena e com as causas populares. Quem carrega esse anel, significa que assumiu essas causas e as suas consequências. Você toparia usar esse anel? Olha, isso compromete, viu? Muitos, por causa deste compromisso, foram até a morte.”
Anéis de tucum foram colocados na beira do palco do teatro para serem pegos pelos cursistas ao som de “Pão da Igualdade”: “Comungar é tornar-se um perigo/ Viemos pra incomodar”. Os cursistas fizeram novamente seu compromisso de opção pelos pobres com os anéis em suas mãos. “Convido vocês a colocarem o anel no dedo e relembrarem o compromisso desde o começo do curso. Ele vai estar aí em suas mãos lembrando-se da água, do meio ambiente, do que o ser humano pode destruir”, disse Cecilia Franco.
O curso foi encerrado com os cursistas abraçados e soprando quem estava do seu lado direito, seguindo a benção celta: “Que o vento sempre sopre às tuas costas e a chuva caia suave sobre teus campos.”
Para o monitor da tenda de Música, Thiago Nascimento, 22, a mística de encerramento trouxe todas as questões apresentadas no curso. “Mostrou o nosso comprometimento, não foi uma celebração só por celebrar, foi um envio.“
Já para o cursista Chrystian Pinheiro, 20, que participou pela segunda vez do Curso de Verão e ficou na tenda de Teatro este ano, o encerramento foi uma abertura de sentimentos. “Tem pessoas que você nunca viu na vida, mas em uma semana, já havia um vínculo”, disse. “O Curso de Verão é um lugar que você pode ser quem você quiser, sem uma forma de tratamento que nos diferencie. É difícil explicar”, conclui ele, que chorava emocionado como outros cursistas.
Ano que vem
O tema do 30º Curso de Verão, no ano que vem, será “Educar para a paz em tempos de injustiça e de violência”.
Seguindo a passagem bíblica “A paz é fruto da justiça (Is 32,17)”, o curso irá trazer iniciativas e experiências de pessoas e organizações voltadas para a denúncia e superação das injustiças; socorro e amparo das vítimas da violência e projetos pedagógicos que impulsionam uma cultura da paz.
Arthur Gandini