Historicamente, as políticas públicas no Brasil foram pensadas em forma de caixinhas separadas. Assim temos a política fundiária, a política da educação, da saúde, da habitação, etc. Precisamos construir políticas intersetoriais consistentes, ou seja, integradas. A defesa foi feita por Márcio Pochmann, economista, pesquisador e professor da Unicamp, nesta quinta-feira (9), no 27º Curso de Verão, evento que está sendo realizado na PUC/SP e conta com a participação de cerca de 400 pessoas das diversas regiões do país e também do exterior.
Além de mudanças na maneira de pensar e desenvolver as políticas públicas, também foi discutido a importância e a urgência de uma reforma política no país. Marco Aurélio de Souza, ex-prefeito de Jacareí, deputado estadual pelo PT/SP, membro da Comunidade de Vida Cristã (CVX) e participante do Curso de Verão desde 1992, defende a constituição de uma assembléia específica para elaborar a reforma política. “Essas pessoas, ao serem eleitas, não poderiam se candidatar a cargos políticos nos 10 anos seguintes. Isso evitaria o problema de que os autores da reforma legislassem segundo seus interesses”.
Entre outros elementos, Marco Aurélio considera fundamental que a reforma política incorpore o financiamento público das campanhas eleitorais. “O financiamento público permite que representantes de empresas e representantes do povo participem da eleição com a mesma capacidade de obtenção dos votos, evitando assim a distorção da representação no congresso”, afirmou. O deputado reprova a forma como os grandes meios de comunicação fazem a cobertura do meio político, dizendo que todos os políticos são iguais, que todos roubam. “Tem muita gente boa, dedicada, mas com a cobertura da mídia na base do espetáculo e da ridicularização da política, destrói-se muito. Isso é feito para enfraquecer a classe política e fortalecer a classe privada”.
Falando sobre a relação entre fé e política, Marco Aurélio diz que a fé não pode ser vivenciada fora do espaço de atuação de cada pessoa. “Antigamente se pensava em viver uma coisa no âmbito da fé e outra coisa no âmbito social, mas esse tempo já passou. A fé tem que ser encarnada. Ter fé não significa simplesmente ser frequentador de igreja. Muitas vezes, alguns frequentadores não têm fé. A fé tem que ser vivida no dia a dia”, declarou.
O Curso de Verão conta com a participação de cerca de 400 pessoas / Foto: Pedro Alexandre
(Dirceu Benincá – Assessoria Comunicação Curso de Verão)