No seminário tínhamos horário para tudo. Do levantar ao deitar. Tudo era regido pelo toque do sino. Ainda bem que ainda não havia o horário de verão. 05:30 Levantar. Tínhamos meia hora para a higiene pessoal. Quem quisesse poderia tomar banho; geralmente na água fria, porque eram poucos os chuveiros elétricos. Tínhamos que ir para o banheiro com a toalha enrolada no corpo e só lá dentro tirar o restante da roupa. O máximo três minutos para o banho.
06:00 Batia o sino; era para formar a fila no pátio para ter acesso à capela. Era mais ou menos por ordem de tamanho. Na capela: oração da manhã, meditação (feita pela pregação do diretor espiritual ou por alguma leitura por ele indicada). Para muitos e muitas vezes para mim era o cochilo do sono que continuava neste momento e depois a missa, ainda em latim.
Pela parte da manhã tínhamos as aulas e na parte da tarde os estudos e às vezes a parte esportiva. Às 17:00 depois da prática esportiva o banho era obrigatório para todos.
Não podíamos expor a nossa nudez. Duas lembranças ficaram gravadas: 1. na hora de levantar todos devíamos tirar o pijama e colocar a roupa ainda debaixo dos lençóis. 2. À noite para deitar era mais interessante. O “bedel” responsável pela disciplina dava um apito e apagava a luz. No escuro deveríamos dentro de dois minutos tirar a roupa e vestir o pijama (parte de baixo). Alguns se confundiam e punham as duas pernas numa só perna de pijama; logo vinha o pedido de socorro para não acender a luz; era uma gargalhada só. A camisa da parte de cima, tanto cedo como a noite, tinha o cerimonial próprio: primeiro tirava a parte do lado direito e já colocava a outra parte da roupa e em seguida também o mesmo cerimonial para a parte esquerda da roupa.
Outra lembrança ainda: até 1.954 o futebol no seminário tinha de ser com a calça comprida e o padre que jogava junto, de batina. Depois houve a primeira grande abertura: foi permitido jogar de calção, mas este deveria ser pela altura dos joelhos. As regras começaram a se quebrar.
Com a introdução do calção foram intensificadas as aulas de educação física.
Padre José Vanin Martins