O último dia do Curso de Verão (14/01) teve como tema “A espiritualidade da compaixão e do compromisso na tradição bíblica”, conduzido pelo Pastor Edson Fernando de Almeida.
Falar sobre compaixão é resgatar a memória do livro do Êxodo, expressa na escuta às dores de mulheres e homens. “A compaixão divino-humana é o fio condutor da tradição bíblica. O acontecimento central do primeiro testamento é o Êxodo, que tem como signo a escuta divina às dores de um grupo de mulheres e homens escravizado, sob as botas faraônicas. A Torah, os Profetas e os Escritos são a pele e os ossos que cobrem as inervações de um amor, o sangue de uma paixão divina pela vida. Os Evangelhos, as Cartas e o Apocalipse são as paredes de uma casa cujo alicerce é um amor que se dá pela vida do mundo”, aponta Edson Almeida.
Ele também abordou o mistério da compaixão e citou que o que Abraham Heschel chamou de pathos e Leonardo Boff chamou de cuidado, Jon Sobrino, o teólogo salvadorenho, chamou de princípio misericórdia.
“Para a fé cristã, o Evangelho é acima de tudo uma potência que produz alegria. E o sol da alegria só nasce naqueles que, acordando do sonho da inumanidade, conhecem o poder da compaixão e da misericórdia.
O mundo não é apenas um lugar que reprime a verdade.
O mundo é sobretudo um lugar que subjuga a vida, que a crucifica, que condena milhões de vidas humanas à indigência.
O mundo, como diz a parábola do bom samaritano, está configurado por uma ativa antimisericórdia, que se anuncia inclusive naqueles que, aos nossos olhos ainda hoje, deveriam ser seus portadores, o sacerdote e o levita”, reflete.
Por isso, o princípio misericórdia torna a presença da Igreja no seu tempo uma presença conflitiva: “Não se persegue uma Igreja que não opera obras de misericórdia. Não foi por acaso que Jesus pôs nas mãos de um samaritano o cobertor da paixão. Por isso, Jesus tanto enfatiza o princípio misericórdia, como estando acima de quaisquer orientações religiosas, como denúncia a uma religião sem misericórdia”, conclui o Pr. Edson.
“Com tal intensidade, amou Deus o mundo que deu o seu filho”, diz o capítulo 3 do Evangelho de João (3,16).
Keila Roberts
Equipe de Comunicação