“Um dos maiores desafios socioambientais hoje são as mudanças climáticas, esta é a maior crise, pois o impacto desta mudança é global. A desigualdade social, o acúmulo de riquezas e recursos naturais nas mãos de poucos, e os modos de produção atuais não sustentáveis vão se agravando no contexto das mudanças climáticas, com isso as populações mais pobres e vulneráveis são as que mais sofrem, pois detêm de menos condições de superação e menos alternativas”. Expressou Adriana Ramos, Comunicadora, coordenadora do Programa de Política e Direito Socioambiental do Instituto Socioambiental (ISA), na manhã do sábado (9), no 29º Curso de Verão, promovido pelo Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular (CESEEP), que acontece desde o dia 6 de janeiro na Pontifícia Universidade Católica (PUC/SP).
Mudanças climáticas e os efeitos da emissão de gases
Com a temática ‘os desafios socioambientais contemporâneos’, Adriana iniciou sua explanação com um assunto que está sendo amplamente debatido entre os ambientalistas, que são as mudanças climáticas: “são alterações em fundamento da vida do planeta, que é o efeito estufa. Um efeito natural, que protege o planeta, e equilibra as condições de temperatura”.
Segundo estudos divulgados pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), as emissões de gases de efeito estufa (GEE) podem provocar mudanças irreversíveis no clima e na paisagem, alterando padrões de vento, temperatura, chuva e circulação dos oceanos (IPCC, 2007). Adriana destacou em artigo publicado no livro ‘Economia promotora dos direitos humanos e ambientais – Curso de Verão ano XXIX’.
A especialista apresentou outros problemas ambientais da atualidade, como a redução dos recursos hídricos e sua poluição, o desmatamento, a extinção de espécies e a destinação dos resíduos que produzimos. “Todos eles têm relação entre si, e a maior parte está associada aos nossos hábitos de consumo”.
Segundo Adriana, a sociedade atual vive uma cultura do descarte e da obsolescência programada, em uma economia baseada a partir do consumo exacerbado. Explorando cada vez mais os recursos naturais como se eles não tivessem fim. “Você precisa trocar de celular, assim que um novo modelo seja criado. Sempre estimulados a consumir mais do que precisamos.
Desastre Ambiental em Mariana-MG
Assim como a ganância, o poder e o lucro das empresas também contribuem negativamente com o meio ambiente causando desastres ambientais. A especialista Adriana recordou o recente episódio de novembro de 2015, o rompimento das barragens da mineradora Samarco, no subdistrito de Bento Rodrigues, em Mariana (MG). Segundo divulgação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) no ultimo dia 7, a lama de rejeitos de minério já alcançou o Arquipélago de Abrolhos, localizado no sul da Bahia que, com área de cerca de 91.300 hectares, é um dos principais santuários brasileiros de bioma marinho.
Porém não adianta apenas mostrar os problemas é necessário também buscar alternativas de mudanças, investir, sobretudo nas mudanças de comportamento e cultura da sociedade. “Buscar entender melhor essa realidade para tentar diminuir os impactos, reverter o quadro, são mudanças culturais imensas que devem ser feitas”.
Um novo modelo de desenvolvimento é possível?
Criatividade, diversidade, solidariedade, colaboração e responsabilidade foram as palavras chaves apresentadas pela comunicadora Adriana Ramos, como um caminho possível para criar um novo modelo de desenvolvimento sustentável. “A solução seria criar projetos integrados de produção sustentável e geração de rendas. A opção pela sustentabilidade, pelos direitos difusos e coletivos não pode ser subordinada à lógica do mercado”. Exemplos de algumas iniciativas de economia solidária foram apresentados como pequenas soluções que podem fazer a diferença.
Laudato si e o cuidado com a casa comum
A encíclica do Papa Francisco, Laudato si e o cuidado com a casa comum, lançada em junho de 2015, foi citada pela especialista como um importante documento de conscientização e mostrou a preocupação da Igreja com as questões do meio ambiente. “Por isso a Igreja, com a sua ação, procura não só lembrar o dever de cuidar da natureza, mas também ‘sobretudo proteger o homem da destruição de si mesmo’” (79). Segundo Adriana é necessário conscientizar, mobilizar e informar, para promover as mudanças. No domingo, 10, Adriana Ramos dará continuidade ao tema tratando sobre Saneamento Básico.
Renata Moraes