
Destacou que a experiência bíblica tem seu coração no profetismo e para que a liberdade do homem seja preservada e se desenvolva a Bíblia estabelece o Direito ou a Lei como condições para manter a liberdade, a igualdade e a responsabilidade, na pessoa para consigo mesma, com a sua espiritualidade; também no relacionamento com as pessoas; e por fim, com a realidade mais ampla do mundo. Assim, “a profecia aparece como maneira concreta de vigiar para que essas condições sejam cumpridas”.
Só é livre quem ama
Sobre a importância da liberdade, Dom Sebastião deixou claro que a única maneira do ser humano alcançar a sua autonomia é quando ele realiza uma experiência transcendental de ir para além de si. O assessor enfatiza que esta experiência acontece na liberdade, por isso, a liberdade é o lugar onde se conhece a Deus. Também explicou que este transcender para além de si gera um grande paradoxo entre liberdade e obediência. No sentido de que quem obedece sabe inclinar o ouvido na direção da voz: “a experiência humana de Deus se dá quando a pessoa se deixa guiar pela escuta da voz que pede o serviço para que concretize o amor e assim supere a prisão das suas necessidades”.
Conclui dizendo que a liberdade, o amor e a obediência (serviço) são sinônimos. Assim, a liberdade para ser preservada é preciso que haja o máximo possível de igualdade quanto à posse de administração das coisas, ou seja, da relação com o meio ambiente e social.
As duas máquinas de produzir pobres e excluídos
A Bíblia desmascara e revela como está a realidade do povo quanto a estes dois eixos presentes em cada pessoa e na coletividade: o poder e a riqueza. A profecia denuncia sempre o poder sobre as pessoas (opressão) e a apropriação das coisas (injustiça) porque anulam a liberdade. Dom Sebastião os define como “as duas máquinas de produzir pobres e excluídos”. Elas impossibilitam as pessoas de viverem em comunhão e no serviço recíproco. As vontades de poder, de apropriação das pessoas e da riqueza dificultam a vida em comunidade. Entre as pessoas tem que acontecer a reciprocidade, o serviço e a partilha, porque só deste modo seremos humanamente sadios.
É por causa destas situações que os profetas chamam as pessoas para a conversão, a mudarem a direção de seus caminhos. Anunciam sempre que a sabedoria e a força de Deus estão no povo. No entanto, o povo se acomoda e nem sempre tem coragem de se opor. É preciso, então, evangelizar, comunicar a Boa Nova que, para o hoje da profecia, é a mensagem de que o poder e a sabedoria estão no pobre. Esta consciência deve ser partilhada entre todos para que se possa empoderar o povo, fortalecer o poder popular e nos libertar do medo e da covardia.
José Carlos Paz















