A teóloga Angelica Tostes, representando o CESEEP, participou do encontro “Labor-Oratório de Escutatória Pastoral”, organizado pelo Centro Evangélico Brasileiro e Ecumênico de Pastoral. O evento, realizado de forma híbrida em 10 de abril, contou com a presença de diversas igrejas e organizações, e teve como facilitadores o psicólogo e Reverendo Calvino Camargo, da Igreja Presbiteriana Independente, e o teólogo e Reverendo Luiz Carlos Ramos, da Igreja Metodista do Brasil.
O objetivo do encontro foi promover uma escuta atenta das pessoas que atuam diretamente com as comunidades de fé, tendo em vista o contexto sociopolítico-religioso atual. Para isso, foram definidos três objetivos principais:
- Ouvir as comunidades de fé e suas experiências nesse contexto, a fim de compreender suas percepções, anseios e desafios;
- Identificar os impactos dessa realidade sobre a forma como as pessoas lêem a Bíblia, vivenciam a espiritualidade e cuidam de sua saúde mental;
- Buscar caminhos de diálogo e reflexão que possam contribuir para a despartidarização da pastoral e a dessacralização da política, por meio do cultivo de uma espiritualidade contemplativa, reflexiva e ético-estética.
A escuta, portanto, foi vista como um exercício fundamental de atenção plena, que permite não apenas ouvir as vozes das comunidades, mas também reconhecer suas lutas, sonhos e perspectivas. Ao cultivar uma espiritualidade contemplativa, reflexiva e ético-estética, espera-se que as igrejas e organizações possam contribuir para a construção de um mundo mais justo e solidário, em que a política seja pensada não como um jogo de poder, mas como uma expressão concreta do amor e da justiça divinos.
Durante o encontro, um ponto de debate foi o fundamentalismo, que aborda diversas facetas da vida, principalmente na dimensão da desigualdade de gênero, LGBTI+fobia e a propagação de fake news. O fundamentalismo é uma tendência que se apoia em interpretações rígidas e literalistas de textos sagrados, buscando impor uma visão única e excludente sobre o mundo. Essa postura fundamentalista tem efeitos negativos sobre a vida das pessoas, especialmente daquelas que são discriminadas por questões de gênero, sexualidade ou identidade. Além disso, a propagação de fake news, que muitas vezes é disseminada por grupos fundamentalistas, pode gerar divisões e conflitos dentro das comunidades de fé e na sociedade em geral.
Por isso, o encontro teve como objetivo criar um espaço de diálogo e reflexão sobre essas questões, buscando promover uma espiritualidade que seja inclusiva, acolhedora e aberta ao diálogo. A partir dessa perspectiva, é possível pensar em uma pastoral que busque a transformação social, contribuindo para a superação das desigualdades e injustiças que marcam a sociedade contemporânea.