Dois sentimentos nos tomam neste momento: de indignação e de respeito.
Indignação pela execução traiçoeira feita à líder política da comunidade da Maré, Marielle Franco, mulher, negra, pobre que sempre lutou pela dignidade e direitos desses abandonados e invisíveis. Não é à toa que aqueles que tiram a vida de tantos, tiraram também a vida da incansável defensora da vida Marielle Franco e de seu motorista Anderson Pedro Gomes. Eles esquecem que agora ela virou semente de tantas e tantas outras Marielle que brotarão no seio do povo que já não aceita a humilhação e o desprezo.
Respeito diante dessa pessoa vitimada, intencionalmente, porque suas denúncias corajosas atingiam muitos que vivem do crime. Sua voz era potente demais para ser suportada. Por isso devia ser calada. Mas todos os que estamos aqui não nos calaremos: persistiremos em denunciar a violência praticada pelo crime organizado e por um governo que escolheu o pior caminho: enfrentar com mais violência a violência instalada. Isso só produzirá uma espiral de violência.
Marielle se transformou para todos nós num arquétipo da mulher que sempre soube unir justiça social com política, sorriso irradiante e determinação na luta, ternura com vigor. É o legado imorredouro que ela nos deixa.
Marielle e Anderson vivem. Por isso todo o nosso respeito, solidariedade aos familiares e conforto à militância do PSOL e a todas as pessoas que lutam pela mesma causa.
Leonardo Boff e Márcia Miranda