Nota de solidariedade ao padre Júlio Renato Lancelotti
Há anos acompanhamos o trabalho árduo e dedicado do Pe. Júlio Renato Lancelotti, pároco da Paróquia São Miguel Arcanjo e Vigário do Vicariato do Povo da Rua, da arquidiocese de São Paulo. Exemplo de humanismo, ética e compaixão.
Se a situação do povo em situação de rua já era difícil, com a pandemia do coronavírus torna-se dramática. O trabalho persistente do padre Lancelotti, na solidariedade ativa e em respeito à dignidade do povo em situação de rua, é coerente com seu compromisso com os pobres, destinatários principais da mensagem de Jesus.
Nos últimos dias, ele tem sofrido ataques nas redes sociais e nas ruas da região da Mooca, Zona Leste onde desenvolve o seu trabalho. Os ataques revelam a insensibilidade com os pobres e estratégia cruel de desrespeito aos direitos fundamentais à serviço de grandes grupos da especulação imobiliária que propõe o descarte das pessoas para controlar o espaço urbano.
Atacar o padre Lancelotti é atacar os pobres, atacar a dignidade humana, a própria democracia e a liberdade. É uma afronta a quem preza a ética e a solidariedade.
Repudiamos os ataques e exigimos das autoridades governamentais do Estado de São Paulo, providências urgentes e enérgicas para investigar, ajuizar e chamar às barras da lei os autores das ameaças, pela devida responsabilização legal.
Padre Júlio é um verdadeiro exemplo de cidadania. Ele precisa ter a vida protegida pelo Estado diante de ataques que atingem o coração do povo paulistano.
São Paulo precisa da verdade, da liberdade e da ação humanitária universal e sem discriminações de pessoas como Júlio. O contrário é a barbárie.
Ao padre Júlio Lancelotti, como a muitos que trabalham pela justiça, por uma economia solidária como clama o Papa Francisco, se aplicam estas urgentes palavras de Jesus: “Feliz os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus. Felizes vocês, quando por minha causa os insultarem, perseguirem e, mentindo, disserem todo tipo de mal contra vocês. Fiquem contentes e alegres, pois grande é a recompensa de vocês nos céus. Por que foi assim que perseguiram os profetas que vieram antes de vocês” (Mt 5,10-11).
É preciso defender os profetas que Deus nos envia para vencer a cegueira moral.
São Paulo, 20 de setembro de 2020.
Observatório Eclesial Brasil