No dia 19 de setembro de 2021Paulo Freire comemoraria 100 anos. Toda a América Latina e Caribe, como vários países da África comemoram seu centenário e o fazem para marcar sua presença na história, especialmente quando governos ultraconservadores de plantão fazem de tudo para manchar e/ou apagar sua imagem. Vídeos e áudios desrespeitosos circulam nas redes sociais, numa clara posição de ataque contra o educador, mas sem fundamentação alguma.
Podemos até dizer que concordamos que quem está no poder político no momento, aliado aos que tem poder econômico e bélico, não o queira como patrono e rechacem sua trajetória política e educacional.
Paulo Freire sempre se posicionou a favor do que e de quem lutava. Sempre esteve na luta em favor dos mais fracos. Sempre defendeu uma educação emancipatória, libertadora e transformadora. Uma educação que formasse pessoas críticas e com condições de intervir na realidade de pobreza e de opressão em que vive a maioria da população no mundo. E esta posição política e educacional não combina com governos descomprometidos com a vida da população.
Difícil é ver os pobres e vulnerabilizados, sem garantias de seus direitos humanos básicos, repetindo o discurso de seus opressores. A chamada “grande mídia” em muito contribui para confundir a população com desinformação e com mentiras, preparando o terreno para golpes, não só políticos, mas de destruição de direitos e garantias trabalhistas e previdenciárias, legalizando a devastação da natureza, construindo o discurso de ódio e apropriando-se de bens públicos para fins particulares de interesse dos donos do poder econômico (agronegócio, mídias, bancos etc.).
Nas palavras de Paulo Freire, presente no livro Pedagogia do oprimido “quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser opressor”.
A história da Metodologia da Educação Popular, no Brasil, está intrinsicamente ligada ao legado de Paulo Freire. Além da academia, sua contribuição sempre foi forte aos movimentos populares, apoiando as lutas políticas por mudança social.
O CESEEP, que trabalha, desde 1982, com formação de lideranças sociais e pastorais, sempre teve Paulo Freire como referência em seus cursos latino-americanos e nacional, no formato presencial e mesmo agora, com a COVID-19, no formato virtual.
Embora Paulo Freire sempre tenha sido referência nas ações formativas do CESEEP, neste ano, em que se comemora o seu centenário, ele foi homenageado em todo início de curso, desde o Curso Latino Americano de Formação Pastoral (agosto/setembro de 2020) até o presente, sobre Arte e Educação Popular, que teve início no dia 13 de setembro e se encerra em 09 de outubro de 2021.
Em sua memória, reafirmamos o nosso agradecimento pela sua contribuição ao CESEEP, como teórico da educação, mas especialmente, como alguém que se colocou nas trincheiras e luta por liberdade e por emancipação.
Anexo um breve texto sobre Educação Popular e transformação social, utilizado nos últimos cursos do CESEEP.
CESEEP
Setembro de 2021