Em contraponto a toda a situação de descaso com políticas de saúde e de sobrevivência da população durante o período de pandemia, estão as ações da sociedade civil, das Igrejas e dos movimentos populares, que acolhem e cuidam, dentro do princípio humano de respeito compromisso com o bem estar de todas as pessoas. Isso envolve pessoas ligadas a alguma Religião e também aquelas que não professam nenhuma fé.
No dia 19/08, o Curso Latino Americano de Formação Pastoral (CESEEP), trouxe cinco experiências de acolhimento e cuidado de pessoas durante a pandemia, especialmente nos lugares onde as políticas públicas não chegam.
1. A solidariedade que nasce onde o poder público não chega
Barbara, representando a UNAS, trouxe a experiência de solidariedade para com as pessoas e as famílias da Comunidade do Heliópolis (São Paulo-SP), durante a pandemia. A UNAS – União de Núcleos, Associações dos Moradores de Heliópolis e Região já tinha um histórico de projetos sociais no local antes da pandemia. Mas as atividades se intensificaram dada a situação de desemprego com a chegada da pandemia e foi preciso cuidar de alimentar e cuidar da saúde das pessoas do bairro, contando com a parceria de voluntários e de empresas na doação de alimentos para a entrega de cestas básicas à população.
2. Organização popular para a garantia de direitos em tempos de pandemia
Rejani Santos, da comunidade de Paraisópolis, trouxe a experiência de solidariedade que nasceu com a pandemia e a necessidade de cuidar das pessoas. A própria comunidade se organizou para providenciar ambulância, casa de cuidado para os infectados e muitos outros projetos, incluindo o de se organizar para conseguir emprego para pessoas da comunidade, em parceria com o comércio da região e o programa “Adote uma diarista”, dado o grande número de diaristas que ficaram em trabalho e sem remuneração com o isolamento social.
3. Movimento por justiça e pão para todas as pessoas (MST Valinhos)
Wilson Lopes, do MST, Acampamento “Marielle Vive”, de Valinhos, trouxe o relato do cuidado com as pessoas do próprio assentamento no tempo da pandemia, bem como a doação de alimentos para fora do assentamento.
As duas primeiras experiências (urbanas) mostram a importância da organização social para resolver problemas das comunidades, onde as políticas públicas não chegam. Ambas têm clareza da importância de medidas estruturais para o combate ao desemprego e cuidado com a saúde de todas as pessoas, mas sabem da urgência das providências diante da pandemia, que agravou a situação de desemprego e fome dos mais pobres.
A experiência do MST confirma a importância do movimento para mudar a vida das pessoas. No tempo da pandemia, o fato de plantarem alimentos contribuiu muito para alimentar a população do acampamento, e distribuir o excedente para os de fora do assentamento.
No entanto, os desafios que surgem na realidade urbana e rural se assemelham quando se trata do aumento dos que precisam de cestas básicas e da diminuição das doações, visto que a situação ficou ruim também para os doadores. A situação que era ruim, piorou com a pandemia.
4. Acolher / conviver com a população em situação de rua em tempos de pandemia
O Pe. Julio Lancelotti falou sobre a experiência de acolhimento e cuidado com a população em situação de rua, na cidade de São Paulo-SP.
Sacerdote radicalmente a favor dos pobres, apresentou também os desafios que se colocam à frente, diante do trabalho que realiza e diante da situação social que se agrava para os pobres, aumentando aidna mais o número de pessoas que, por falta de alternativa, vão viver nas ruas.
5. Dai de comer a quem tem fome /Almoço solidário com a população em situação de rua
Frei Diego de Melo, Ofm, gravou uma mensagem (em vídeo) falando da experiência de acolhimento e cuidado com a população em situação de rua no Rio de Janeiro- RJ. Apesar de não estar mais no rio, pois assumiu a reitoria do Santuário Frei Galvão, em Guaratinguetá-SP, fez uma reflexão sobre a situação das pessoas atendidas e de sua experiência pessoal de aprendizagens ao servir a população de rua em tempo de pandemia.
O curso é oferecido pelo CESEEP – Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular e é coordenado pelo Prof. Cremildo Volanin. Teve início no dia 01/08 e tem término previsto para o dia 05/09/22. Tem como tema central CUIDAR, CONSOLAR E RESISTIR EM MEIO À PANDEMIA: DESAFIO PARA AS IGREJAS E MOVIMENTOS SOCIAIS.