Quantas analises de conjuntura você já ouviu? De quantas formações participou onde, em algumas das mesas ou painéis uma determinada pessoa fará uma analise de conjuntura? Mas como nasce uma analise de conjuntura? Como fazer uma analise de conjuntura?
Algumas dessas perguntas os participantes da 35º edição do Curso Latino-americano de Formação Pastoral tiveram as respostas. Na quarta-feira, 23 de agosto, o educador popular, mestre e doutor em educação pela PUC-SP, Pedro Pontual, assessorou o Curso, que neste ano, o tema é “SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL, SOCIAL E POLÍTICA DAS CIDADES”, e falou sobre as particularidades de uma análise de conjuntura.
Para iniciar, de acordo com Pedro Pontual, é preciso fazer uma distinção do que é uma análise de estrutura da sociedade e uma análise de conjuntura e a importância de que as duas se complementam.
“Por exemplo, uma greve geral, do ponto de vista de uma análise de conjuntura você precisa analisar em que momento politico ela acontece, quais os atores envolvidos no processo e quais as ações de outros atores. Esse é o olhar de conjuntura. Para você entender essa greve geral não basta fazer essa análise de conjuntura, é preciso saber elementos da estrutura do local, por exemplo no Brasil, qual a base da economia no Brasil, quais os setores dos trabalhadores que tem mais peso em cada região, qual a historia das greves gerais no Brasil. São elementos de estrutura que ajudam a fazer melhor analise na conjuntura”.
É preciso determinar qual será o campo de análise, por exemplo, uma análise da conjuntura a partir do campo popular democrático, quais os atores do campo popular democrático que tem força nesse momento, quais os atores desse campo que estão emergindo e criando dinâmicas novas, quais as correlações de força desse setor popular democrático e as forças dominantes em cada país.
Se olharmos para a América-latina, na sua história recente, “vivemos o momento da redemocratização dos países que nos anos 80 e 90 saíram de ditaduras militares. A partir dos anos 2000 vivemos o momento dos ciclos dos chamados governos progressistas na América-latina. E a pergunta que fica é: estamos vivendo o fim de um ciclo? Qual o novo ciclo que esta se construindo e se desenhando na américa latina?”, ressaltou o professor.
Para ele, diante da compreensão desses momentos e dessas perguntas é preciso analisar a conjuntura na América-latina e se perguntar quais os desafios para a educação popular? E quais os sinais de esperança? Poe exemplo, ver praticas de educação popular e trabalhos de base que hoje são inovadores e são sementes novas que estão apontando para um novo projeto de sociedade.
A prática de fazer análises de conjuntura devem ser aprimoradas e aperfeiçoadas para que surjam práticas políticas mais adequadas e eficientes, uma analise de conjuntura errada ou equivocada pode levar a ações e narrativas equivocadas. Nesse sentido, Pedro olhou o para a situação do Brasil e destacou que compreender o que foi o golpe de 2016, para além da deposição de Dilma Rousseff, é importante para perceber que a disputa eleitoral de 2018 não é o centro da tática para a retomada do governo pelo campo progressista. “Mas e se não tiver eleições em 2018?” – questionou, “pode não haver eleição em 2018” acrescentou. “Além disso o golpe está mexendo em direitos que adquirimos ao longo de anos, logo o enfrentamento ao golpe tem que ser no sentido de resistir a retirada de direitos” concluiu.